Lago de Itaparica em Petrolândia (Foto: Lúcia Xavier)
Conforme este Blog alerta há muito tempo, o nível da represa decai há meses. Os impactos da redução da vazão do rio São Francisco, solicitada pelo ONS-Operador Nacional do Sistema Elétrico e autorizada pela ANA-Agência Nacional de Águas, no início de 2013, começaram por transformar a paisagem em redor do Lago de Itaparica. Com a sucessiva prorrogação da redução da vazão, vigente até 31 de outubro, os impactos atingem a economia da região e o desabastecimento de água bate à porta da população ribeirinha. Em alguns locais do município a escassez de água já se instalou.
O ONS solicitou ao IBAMA, em meados deste ano, aumento no nível de redução da vazão, de 1.100 para 900 m³/s, até o final de novembro, mês em que os técnicos do governo acham que vai chover e chover o suficiente para normalizar Três Marias e Sobradinho. Na noite de ontem (9), o CBHSF-Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco divulgou o resultado da reunião para tratar desse assunto. O IBAMA acena com a aprovação da nova medida, pois a prioridade é a produção de energia elétrica. Morram os peixes, morram os rios, morram as plantações, criações e ribeirinhos.
O prefeito de Petrolândia está em Recife , desde quarta-feira (8), em peregrinações entre os órgãos responsáveis pela gestão do Lago de Itaparica e do sistema elétrico. Após ouvir muitos "não posso ajudar, a prioridade é a geração de energia", Lourival Simões divulgou nota à impressa sobre a situação já enfrentada pelo município e convocou a sociedade.
Em Petrolândia, governo e sociedade estão se unindo para evitar que a represa de Itaparica seja consumida até a última gota na fabricação de energia, a exemplo de Três Marias, em MG. O último boletim divulgado pela ANA, no dia 9 deste mês, informa que a represa mineira, a mais próxima da nascente do rio São Francisco, contém apenas 4,44% de seu volume útil.
Há mais de 20 anos, o rio São Francisco foi tomado de Petrolândia e a própria sede do município virou lama para a construção da Usina Hidrelétrica Luiz Gonzaga. Naquela época, o povo não pôde fazer nada, não existia instrumento para ouvir a povo e mesmo que houvesse, o "progresso" seria empurrado às goelas, como está sendo feito no Norte. O "desenvolvimento do país" é mais importante do que o meio ambiente equilibrado, no qual o homem - no coletivo, o povo - está inserido.
Hoje, Petrolândia não vai abrir mão de Itaparica, porque assim como a Igreja do Sagrado Coração de Jesus permanece de pé, em ruínas no meio das águas trazidas pelo progresso, os petrolandenses não dobrarão os joelhos, em lágrimas, inertes a assistir à morte do lago pelo qual tanto perderam.
Redação do Blog de Assis Ramalho
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