segunda-feira, outubro 20, 2014

Por que pancadaria?


Ontem, o ataque no segundo debate entre os candidatos à Presidência assustou a todos. Mas há uma explicação em relação à estratégia dos dois candidatos. O comentário é de Rudá Ricci, sociólogo, em seu blog, 17-10-2014.

Eis o comentário.

Comecemos pela noção da palavra estratégia. Trata-se de uma palavra empregada em manobras militares, nascida na Grécia antiga (strategos), que significaria, numa tradução livre, a arte do general. Se é do general, já temos claro que estamos falando de algo que não tem a ver com ação concreta do soldado, mas a lógica da movimentação de todo exército. Portanto, o pensamento estratégico seria uma movimentação geral, pensada de cima, do jogo armado por uma candidatura (no caso em questão) para assumir a dianteira na campanha eleitoral. Obviamente que isto significa que toda estratégia busca atingir o adversário ao mesmo tempo em que toca no coração (e mente) do eleitor.

Teoria à parte, vamos ao que ocorre.

A estratégia da campanha de Dilma. Na quinta, o Datafolha indicou que sua campanha tem o dobro de chance de conquistar os indecisos que a campanha de Aécio. O que você faria se fosse da coordenação da campanha de Dilma e soubesse disto? Se respondeu que gostaria de saber quem são os indecisos, acertou. Sabe quem são, na sua maioria? Mulheres. Pois bem, atacar o que faz parte do currículo pessoal de Aécio em relações conflitivas com mulheres parece um bom caminho, não? Pois, foi o que Dilma e o PT começaram a fazer desde ontem.

A estratégia de Aécio. O maior trunfo é centro-sul. O centro-sul tem, como questão central, a noção de sucesso como mote de vida e a rejeição à corrupção (como roubo do imposto pago pelo que se dedica ao sucesso). De outro lado, o ponto fraco é o pobre que, na comparação, percebe que PT fez mais por ele. Então, teríamos dois polos de enfrentamento: afirmar que o pobre não perderá os benefícios atuais e fortalecer a rejeição ao partido oponente. Aécio vem insistindo nos dois polos. Ontem, contudo, acrescentou o elemento de vitimização. Tenho para mim que, faltando uma semana para o final da campanha, o melhor seria reforçar o público cativo. Abrir muitos flancos pode não fortalecer nenhum. A não ser que perceba que a estratégia de furar o obstáculo no norte do país esteja dando algum fruto (o que não parece, pelas pesquisas atuais). Se decide fortalecer o eleitor cativo, terá que bater. Porque o eleitor cativo é menos aecista e mais anti-PT.

Está dado o campo de batalha. Dos mais sangrentos.

Fonte: IHU Online

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