segunda-feira, outubro 06, 2014

Petrolândia: Eleitores reclamam da demora no sistema de identificação por biometria

Quase às 17h00, eleitores ainda se aglomeraram em filas para votação na Escola Jatobá (Fotos: Assis Ramalho)

Portão é fechado na Escola Delmiro Gouveia. Lá também eleitores chegaram atrasados.
Justiça do Cartório Eleitoral de Petrolândia (70ª Zona Eleitoral do TRE-PE), à espera das últimas urnas entregues por volta das 22h00. 

Conforme relatado no começo da manhã de ontem (05), as eleições começaram em Petrolândia, no Sertão do Estado, de maneira tranquila. Porém, no decorrer do dia, a avaliação mudou com muitas queixas sobre por parte de quem votava e de quem esperava votar. Entre os problemas, o mais relatado foi a demora na identificação biométrica, com muitas tentativas para confirmar as digitais de eleitores. Com isso, o tempo de espera nas filas exigiu bastante paciência e disposição dos eleitores. Outra reclamação foi com a mudança de locais de votação. Muitas pessoas mudaram de seção eleitoral no processo de biometria e não atentaram para o novo local de votação. Houve também o ajuste no número de salas para votação, com agregação de duas seções em apenas um local.

Petrolândia, no Sertão de Pernambuco, participou pela primeira vez da votação no sistema biométrico. Nossa reportagem acompanhou o sofrimento do eleitor durante todo o dia e início de noite.

"Minha digital só foi reconhecida na quinta tentativa. Acho que a mudança é válida, mas ainda há muito para melhorar. Talvez nas próximas eleições fique mais rápido, relatou  José Carlos da Silva, residente na Quadra 07.



Sonia Maria Dias Soares, 62 anos, disse que a biometria não funcionou e reclamou da demora: "Fiquei muito nervosa. Eles passaram meu dedo oito vezes na máquina e não funcionou. O mesário precisou liberar para eu poder votar. Algo precisa mudar. Gosto de exercer minha cidadania, mas assim demora muito, antes era mais rápido".

Telkia Nadiane, residente na Quadra 05, reclamou que enfrentou uma fila na Escola Jatobá (na Quadra CE), onde costumava votar anteriormente, e ao chegar sua vez de ser atendida foi informada que seu local de votação mudara para o PETI, na Quadra 01. 

Conversamos com um dos mesários que disse ser um "milagre" quando conseguia, na primeira tentativa, a liberação do eleitor para o voto. "Eu já trabalhei em outras eleições que foram tranquilas, mas essa está sendo muito estressante para o eleitor e para nós do mesário. E o pior é que muitos pensam que a culpa é nossa", desabafou o mesário.
  
Passava das 18h00 e as filas persistiam nos locais de votação em Petrolândia. Muitas pessoas desistiram de votar por conta da lentidão no processo. Foi o caso do aposentado João, morador da Quadra CS. "Eu vim aqui (na Escola Delmiro Gouveia) antes de meio dia e a fila da seção em que eu voto estava muito grande. Então resolvi ir almoçar, na esperança de que quando voltasse a fila estivesse menor, mas quando voltei encontrei a fila maior. Então, agora eu estou indo pra casa e depois eu justifico o voto, pagando a multa", disse ele.

Quem também perdeu a paciência com a demora na fila e desistiu de votar foi a jovem estudante Janine, moradora da Quadra 10. Já passavam das 18 horas quando ela desabafou. "Eu estou indo pra casa sem votar, porque eu perdi a paciência. Cheguei aqui (no Peti) e fiquei mais de duas horas em uma fila que simplesmente não anda. Assim como eu, muitos já desistiram e foram embora, sem votar", desabafou a jovem

Também houve aqueles que deixaram de votar por encontrar os locais de votação já fechados, às 17h00. Foi o caso do comerciante Eliano. "É lamentável. Eu cheguei aqui (na Escola Delmiro Gouveia) às 17 horas e 1 minuto e não me deixaram eu entrar. Com isso, vou deixar de votar nos meus candidatos, por ter chegado atrasado apenas um minuto'", lamentou o comerciante.

Em uma das seções, uma eleitora demorou bastante para votar o que chamou a atenção dos mesários, pois não havia sinal de que ela estivesse digitando os números dos candidatos. Perguntado o motivo, a eleitora dizia que "os números não entravam". Aguardou-se mais um pouco e nada de sair um voto. Foi quando os mesários verificaram que ela estava tentando colocar os números na tela da urna em vez de digitar nas teclas, pelo hábito de usar touch screen no smartphone. 

Acompanhamos também a apuração diretamente do Cartório Eleitoral de Petrolândia (70ª Zona Eleitoral do TRE-PE), e constatou que a última urna a chegar ao local, trazida por fiscais, foi a disponibilizada no Icó Mandante, na zona rural do município, entregue por volta das 22 horas.

Sobre a lentidão do processo biométrico, conversamos com Amélia Parahym, servidora do TRE-PE em Petrolândia. De acordo com ela, após o recadastramento biométrico, o eleitorado de Petrolândia foi reduzido, por isso seções com menos de 50 eleitores foram agregadas a outras seções menores. Ela esclareceu que esse procedimento sempre existiu, não foi criado no recadastramento.

Quanto à desinformação dos eleitores sobre os locais de votação, Amélia informou que infelizmente não existe o hábito de conferir com antecedência os locais de votação e que listas com os locais foram afixadas em todas as escolas. Esclareceu também que os eleitores eram avisados pelos servidores sobre o local de votação, no ato da entrega do novo título de eleitor. 

A expectativa para o segundo turno para eleição de presidente da República, no dia 26 de outubro, é de que o processo seja mais rápido.

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