Com o objetivo de mostrar as causas dessa realidade e recomendar ações para reduzir o desperdício, foi divulgado o relatório Desperdício e perda de alimentos no contexto de sistemas alimentares sustentáveis. O documento foi elaborado por um painel de especialistas apoiados pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo o documento, o desperdício está presente em toda a cadeia produtiva. Por exemplo, logo no início acontece a falta de cuidado no manuseio da colheita e depois há o transporte mal programado e armazenamento inadequado em termos de temperatura e umidade.
Além disso, quando o alimento chega ao consumidor, seja ele doméstico ou para comércio (restaurantes), as perdas continuam. “Isso acontece principalmente por costumes já arraigados, como hábito de comprar mais do que o necessário e falta de planejamento, sendo influenciadas por técnicas de marketing que encorajam a comprar sempre mais”, afirma o documento.
O desperdício de alimentos também impacta o sistema econômico, pois gera perdas financeiras e reduz o retorno sobre o investimento; o social, impedindo o desenvolvimento e o progresso; e o ambiental, com impacto direto na biodiversidade com uso excessivo dos recursos naturais e geração exacerbada de lixo, que além de ser um problema de espaço, também gera emissões de metano, gás do efeito estufa.
Par a diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, Malu Nunes, evitar o desperdício de alimentos é essencial para diminuir impactos na natureza e, assim, garantir a fonte de alimentos e a manutenção da vida de todas as espécies, incluindo a humana. “Muitas vezes as pessoas não fazem esta ligação, mas a biodiversidade é a base para o desenvolvimento das atividades agrícolas, pecuárias, pesqueiras e florestais, que dão origem ao alimento que consumimos”, comenta Nunes.
Alternativas
O relatório da ONU aponta algumas soluções para a redução do desperdício tanto em nível de produção como de consumo. Segundo o texto, é preciso investir em tecnologia na colheita e melhoria nas práticas de armazenamento e transporte. Além disso, é importante contar com o apoio da indústria alimentícia para que melhorem as informações de validade, consumo e armazenamento no rótulo dos produtos. Modificar o comportamento do consumidor também é muito importante, por isso é necessário comunicar diretamente a esse público os benefícios do consumo equilibrado, ampliando a consciência para a redução de lixo orgânico.
No Brasil, um movimento que incentiva a utilização integral dos alimentos é o Gastronomia Responsável, lançado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza em 2010, na capital paranaense, onde conta com 28 restaurantes participantes e que comercializam os chamados ‘pratos responsáveis’. As receitas que levam esse selo possuem impacto reduzido para o meio ambiente e seguem os quatro princípios do movimento: aproveitamento integral dos alimentos, utilizar alimentos orgânicos, usar fornecedores locais para reduzir a emissão de CO2 e não utilizar espécies ameaçadas de extinção.
Além de ir em um dos 51 restaurantes participantes – distribuídos em oitos estados do Brasil – e optar pelos pratos responsáveis, o público pode participar do movimento criando suas próprias receitas e compartilhando-as no site www.gastronomiaresponsavel.com.br, que reúne receitas e dicas responsáveis para aproveitamento dos alimentos. “As cascas dos alimentos, por exemplo, podem ser utilizadas em outros pratos, como farofas e doces, como é o caso da casca de banana. Por outro lado, as folhas de legumes, como a beterraba, podem ser utilizados para incrementar saladas”, indica o chef curitibano Celso Freire, curador do movimento.
Para Malu Nunes, a alimentação responsável é uma tendência mundial. “Estão surgindo diversas iniciativas estimulando as pessoas a refletirem sobre a forma com que se alimentam, e esperamos que nesse Dia Mundial da Alimentação esse movimento se fortaleça”, conclui.
Fonte: EcoD em Envolverde
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