A explosão de um carro-bomba matou nesta quarta-feira ao menos 41 crianças que estavam numa escola, em Homs, terceira maior cidade da Síria. O número de vítimas pode subir, já que dezenas de crianças estão desaparecidas e há também muitas feridas gravemente. Esse é um dos maiores registros de crianças mortas em um ataque desde o início da guerra civil na Síria, há mais de três anos, que já matou mais de 180 mil pessoas, de acordo com a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
— As crianças mortas têm entre 6 e 9 anos — disse à imprensa Talal al-Barazi, prefeito de Homs.
Páginas no Facebook favoráveis ao presidente Bashar al-Assad exibiam imagens e vídeos da tragédia, com crianças uniformizadas feridas e em pânico, além de partes de corpos espalhadas pelo chão. Na mesma cidade, outras sete pessoas — quatro civis e três integrantes das forças de segurança — morreram num ataque similar contra uma escola de Akrama, bairro de maioria alauita, comunidade islâmica à qual pertence Assad.
Ainda não se sabe quem cometeu os atentados, mas o tipo de ataque se assemelha aos do Estado Islâmico (EI) ou do grupo Frente al-Nusra, braço sírio da al-Qaeda, também envolvido na guerra na Síria. Homs foi retomada pelo governo sírio em maio.
Dez decapitados
Os ataques acontecem no mesmo momento em que os extremistas tentam tomar Kobani, cidade curda no Norte da Síria, na fronteira com a Turquia. Na terça-feira, o Estado Islâmico teria decapitado sete homens e três mulheres na região, como parte de uma campanha para atemorizar moradores que resistem ao avanço dos extremistas, informou nesta quarta-feira o OSDH.
De acordo com o diretor do observatório, Rami Abdul Rahman, cinco combatentes curdos contrários ao EI — incluindo três mulheres — e quatro rebeldes sírios e um civil foram capturados e decapitados. A violência ocorreu 14 quilômetros a oeste de Kobani, em uma aldeia curda sitiada pelos jihadistas.
— Querem assustar as pessoas — disse Rahman, sobre as decapitações.
O site do observatório também noticiou que a terça-feira foi muito violenta na Síria, com mais de 180 mortos.
Diante do aumento do terror na região de Kobani, os Estados Unidos realizaram um raro bombardeio diurno contra os extremistas, segundo fontes curdas locais e um grupo de monitoramento. Pelo menos um tanque do EI foi destruído pelo ataque aéreo numa aldeia a cinco quilômetros de Kobani.
França discute estratégia
Os novos ataques dos jihadistas também têm assustado os países europeus que fazem parte da coalizão com os EUA. Em discurso em Birmingham, o premier do Reino Unido, David Cameron, disse que combatentes jihadistas britânicos serão considerados inimigos do país.
Já o presidente francês, François Hollande, anunciou que a França vai ampliar o seu compromisso militar na luta contra os militantes no Iraque, num comunicado divulgado depois que manteve uma reunião sobre o assunto.
“O presidente decidiu reforçar a resposta militar no local”, afirmou a nota.
A França aumentou para nove o número de aviões (antes eram seis Rafales) que combatem no Iraque, além de ter enviado um navio de guerra. Nesta quinta-feira, o ministro da Defesa, Jean-Yves Le Drian, chega a Washington para discutir com o seu homólogo americano, Chuck Hagel, sobre a nova estratégia na região. Segundo fontes, a próxima fase da operação seria reforçar o poder militar dos rebeldes moderados que possam combater por terra o EI, tanto no Iraque como na Síria. Há uma percepção de que apenas ataques aéreos não vão deter o avanço dos jihadistas.
Também está marcada para esta quinta-feira uma sessão no Parlamento turco para discutir sobre o projeto proposto pelo presidente Recep Tayyip Erdogan de intervenção militar no Iraque e na Síria. Os recentes combates do EI na fronteira da Síria com a Turquia preocupa o governo de Ancara.
O Globo
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