terça-feira, setembro 02, 2014

O amanhã, depende do que fazemos hoje - Artigo de Nelson Souto

Aproveitando o artigo divulgado no Blog de Assis Ramalho, intitulado, ¨Água: Como será o amanhã?¨, aproveito para elencar algumas medidas que o poder público e nós, cidadãos, teremos que adotar hoje.

1-Adotar atitudes preservacionistas no uso dos recursos hídricos, no lar, no comércio, na indústria, no lazer, considerando a água como um recurso precioso;
2-Cobrar do poder público a ação de exigir dos fazendeiros, dos grandes agricultores e dos pequenos também, a reconstituição das matas ciliares, necessárias para a proteção dos leitos dos rios, evitando a erosão e o assoreamento, que diminui o fluxo de água, prejudicando o ecossistema hídrico;
3-Criar programas de desassoreamento nos pontos críticos das bacias mais importantes, permitindo que os rios tenham o seu curso normal e de forma perene;
4-Criar programas de compensação financeira para custear o desassoreamento dos rios, atribuindo responsabilidade pecuniária (multa) ou responsabilidade de recomposição da mata ciliar, conjugada com o desassoreamento dos rios.
5-Ensinar os pequeninos ainda no ensino fundamental, a respeitar a natureza, economizando a água, a dar destinação correta ao lixo doméstico, evitando a poluição dos leitos dos rios.
¨ Quando o homem causa dano à natureza, a natureza sofre! Mas, não sofre mais do que o homem que a ignora ¨.

A seguir, mostramos a importância de preservar a mata ciliar nas margens dos rios.

A importância das Matas Ciliares - Artigo de Ernesto Augustus no Guia Ecológico
O que é uma mata ciliar

É um tipo de cobertura vegetal nativa, que fica às margens de rios, igarapés, lagos, nascentes e represas. O nome “mata ciliar” vem do fato de serem muito importantes para a proteção de rios e lagos tal como são os cílios para nossos olhos. As matas ciliares também são conhecidas como mata de galeria, vegetação ribeirinha ou vegetação ripária.

As matas ciliares são fundamentais para o equilíbrio ecológico, oferecendo proteção para as águas e o solo, reduzindo o assoreamento e a força da águas que chegam a rios ,lagos e represas, mantendo a qualidade da água e impedindo a entrada de poluentes para o meio aquático. Formam, além disso, corredores que contribuem para a conservação da biodiversidade, fornecem alimento e abrigo para a fauna; constituem barreiras naturais contra a disseminação de pragas e doenças da agricultura; e, durante seu crescimento, absorvem e fixam dióxido de carbono, um dos principais gases responsáveis pelas mudanças climáticas que afetam o planeta.

Em Regiões com problemas de desequilíbrio ecológico a mata ciliar não é capaz sozinha de impedir a erosão das margens, ela apenas ajuda. Rios em processo de assoreamento tendem a sair de seu leito com mais facilidade durante as chuvas, provocando inundação e solapamento das margens. As árvores não resistem às constantes agressões sofridas e terminam por serem levadas pela força das águas e a falta de superfície de sustentação.

Matas ciliares são consideradas áreas de proteção permanente. Uma área de proteção permanente segundo o código florestal é:

"Área protegida nos termos dos arts. 2° e 3° desta Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.
O código florestal brasileiro determina uma distância mínima que deve-se manter da mata ciliar nas margens de um rio. Sendo:
1 – de 30 (trinta) metros para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura;
2 – de 50 (cinquenta) metros para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura;
3 – de 100 (cem) metros para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura;
4 – de 200 (duzentos) metros para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;
5 – de 500 (quinhentos) metros para os cursos d’água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros;
Ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d’água naturais ou artificiais;
Nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados “olhos d’água”, qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura."


Muitos fazendeiros, no intuito de facilitarem a chegada do gado até a beira do rio ou lago, retiram a vegetação em sua totalidade, além da ausência de proteção para o solo, o pisoteamento do gado facilita o processo erosivo e por consequência a entrada de sedimentos para as águas.

É bem interessante conhecer bem de perto o tipo de vegetação que fica próximo às margens dos rios, as árvores parecem formar camadas de proteção, como numa exército que fica organizado de forma a enfrentar uma batalha, cada qual com sua função. Quanto mais próximas as árvores ficam das águas, mais suas raízes são mais superficiais e em maior quantidade. Em alguns casos temos uma vegetação espinhosa e com muitos ramos, formando um entranhado como num tricô. Quanto mais se afasta da margem do rio, mais a vegetação vai se tornando um pouco diferente, com raízes mais profundas e com árvores maiores, como se a função fosse frear as águas que descem dos pontos mais altos.

Por que alguns fazendeiros destroem as matas ciliares?

A maior umidade das várzeas e beira de rios permite melhor desenvolvimento de pastagens na estação da seca e, por essa razão, os fazendeiros recorrem a essa opção mais simples. Alguns produtores também desmatam para que os igarapés aumentem a produção de água no período de estiagem. Esta realidade deve-se ao fato de as árvores deixarem de “bombear” água usada na transpiração das plantas. Contudo, pesquisas mostram que esta prática, com o tempo, tem efeito contrário, pois com a ausência da mata ciliar ocorre um rebaixamento do nível do lençol freático (de água).


No ambiente urbano, a impermeabilização do solo, provocada pelo asfalto, telhados, calçamento das residências e comércio, geram uma condição trágica para a manutenção das matas ciliares. O governo municipal na tentativa de resolver o problema de inundações constroi as bocas de lobo que direcionam o fluxo das águas pluviais para galerias que desembocam nos córregos e rios urbanos. O efeito disso é um fluxo intenso de água com muita energia para o manancial durante uma tempestade, seu leito não suporta e tende a solapar as margens, provocando a queda das árvores que se encontram próximas. A solução é a canalização do córrego, ou seja, é a substituição de uma mata de galeria por concreto ou por pedras amarradas que além de ser esteticamente feio, provocam a “morte” do córrego ou rio.

Nelson Couto - Rio de Janeiro/RJ

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