segunda-feira, setembro 29, 2014

CBHSF faz visita técnica à nascente do São Francisco e propõe medidas emergenciais


Além da nascente principal, na Serra da Canastra (MG), outras nascentes secundárias também secaram ao longo do trajeto do rio (Fotos: Ricardo Coelho ASCOM/CBHSF)


O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco - CBHSF, através da Câmara Consultiva Regional do Alto São Francisco, recomendará aos órgãos executores de recursos hídricos do estado de Minas Gerais, bem como do governo federal, propostas para conter, em curto prazo, os problemas provocados pela estiagem prolongada que castiga todo o território mineiro e que provocaram a seca da nascente principal do São Francisco, na Serra da Canastra. As medidas emergenciais resultaram da reunião extraordinária e da visita técnica à Serra da Canastra que a entidade promoveu nesta semana. Entre as proposições, o CBHSF sugere que se faça o levantamento dos córregos e riachos que secaram em toda a bacia, principalmente os localizados em municípios a montante da represa de Três Marias que, por conta da estiagem, decretaram estado de calamidade pública. Ao todo, 116 cidades mineiras estão nesta situação, sendo 77 localizadas em território da bacia do São Francisco.

Com relação aos municípios à jusante de Três Marias, o CBHSF sugerirá, a fim de preservar a pouca água que ainda existe no reservatório, a redução da vazão na Usina Hidrelétrica de Três Marias, atualmente com um volume útil de 5,4% da sua capacidade de armazenamento. Antes disso, será verificado com os usuários do rio o quanto poderá ser reduzido sem que haja qualquer tipo de prejuízo. Por fim, o Comitê do São Francisco indica a necessidade de realização de campanhas de racionalização do uso da água, redução de perdas das concessionárias de saneamento e medidas para revitalização da bacia. De acordo com o vice-presidente do CBHSF, Wagner Soares Costa, haverá racionamento de água no sentido de aumentar o período de tempo de utilização da água por parte de cada usuário à jusante da barragem. “O usuário A terá que reduzir o seu uso assim como o usuário B. Com essa redução teremos uma vazão suficiente até o período de chuvas, que começará em meados de outubro. Cada um perderá um pouco para que todos possam ganhar no futuro”, disse, observando que à medida que as chuvas cheguem ao Estado “essas restrições serão retiradas”.

Visita à nascente

No último sábado (27.09), uma comitiva formada por representantes do CBHSF, instituições de ensino e especialistas da área ambiental, comprovou in loco, no Parque Nacional da Serra da Canastra, no município de São Roque de Minas (MG), que a nascente principal do rio São Francisco secou. Até então, o Comitê não havia sido informado oficialmente sobre a situação. De acordo com a secretária da CCR Alto, Sílvia Freedman, o diagnóstico preliminar aponta que, tecnicamente, nenhuma interferência poderá resolver a situação, a não ser a chegada das chuvas. “Do ponto de vista do Comitê do São Francisco, encaminharemos ao governo federal um pedido para a adoção de ações preventivas no Parque da Canastra, evitando queimadas e influências antrópicas que constantemente acontecem por lá”, disse.

O analista ambiental do parque, Vicente Faria, corrobora com a fala da secretária. Para ele, a seca da nascente é um fato simbólico que serve como alerta para a sociedade. “Tivemos um regime de chuvas muito ruim nos últimos anos, acumulando um déficit hídrico na região que culminou, pela primeira vez, na seca da nascente. Por ser uma unidade de conservação federal, não podemos simplesmente canalizar a água. Temos que, de fato, esperar que as chuvas se estabilizem para que as coisas voltem ao normal”, completou.

Além da nascente principal, que é o ponto mais distante da foz do SF, outras secundárias também secaram. “São elas que, por exemplo, dão força à cachoeira da Casca Danta, maior queda d’água do rio São Francisco, com 180 metros de altura. Nascentes perenes estão se transformando em temporárias. Se não tivermos uma conscientização da importância da água, isso se tornará constante”, lamentou André Picardi, secretário de Meio Ambiente de São Roque de Minas (MG). Para ele, a situação pode piorar. “Caso não chova até dezembro, o São Francisco perde 40 quilômetros da sua extensão. A Casca Danta secará”, alertou.

O documento com as recomendações do CBHSF será aprovado em regime de urgência na próxima reunião do colegiado da CCR Alto, prevista para esta terça–feira (30.09), em Belo Horizonte (MG). Em seguida, será feito o encaminhamento aos órgãos responsáveis, a exemplo da ANA, ONS, Secretaria de Meio Ambiente de Minas Gerais, Instituto Mineiro de Gestão das Águas – Igam e Ministério do Meio Ambiente – MMA, entre outros.

Ascom CBHSF
Foto: Ricardo Coelho

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários são publicados somente depois de avaliados por moderador. Aguarde publicação. Agradecemos a sua opinião.