Zico figurou nas enquetes pós-Copa a respeito do futuro técnico da seleção, mas, apesar da popularidade, diz que nunca chegou a se considerar realmente no páreo. Hoje, com a escolha da "classe de 1994" para o comando do novo ciclo, o ídolo de três Mundiais diz que não há critério que sustente a opção pela dupla Dunga e Gilmar na equipe nacional. Para o ex-camisa 10, a preferência por profissionais sem currículo significativo em suas funções representa "sacanagem" e "desmoralização" para técnicos e coordenadores vencedores do país.
Em sua reflexão, Zico admitiu a passagem de Dunga como técnico do Inter como uma exceção pelo menos desta vez. Mesmo assim, em sua opinião não justifica a escolha: "já começou pela classe A. Ele não rolou. Já começou no primeiro time".
"A primeira vez que o Dunga entrou, eu não concordei. Como não concordei quando o Falcão entrou. Porque tem muita gente aí ralando, pegando desde lá da base, passa por todas categorias, grandes clubes, conquista títulos, então pra que serve isso? Acho inadmissível que um treinador que faz um grande trabalho não tenha uma chance na seleção brasileira", acrescentou o ex-jogador de Flamengo, Udinese e Kashima.
A metralhadora crítica de Zico foi mais incisiva ao comentar a figura de Gilmar Rinaldi como cabeça do novo ciclo da seleção. Para o ídolo flamenguista, a escolha de um empresário para a função de coordenador técnico não faz sentido.
"Eu não concordo, apesar do Gilmar ser um amigo. Ele não exerce a função que está exercendo hoje. Quantas pessoas estão há dez anos seguindo isso. O que adianta o cara lá do Cruzeiro, que é o melhor time, estar lá ralando e na hora chegar um cara que é empresário de jogador. Que critério é esse? Não concordo com o método, a filosofia, esquece as pessoas. É uma desmoralização com os coordenadores e os técnicos de futebol quando fazem isso", declarou o ex-meia, que não conseguiu ser campeão mundial nas Copas de 1978, 1982 e 1986.
CRUZEIRO PRECISA SER OLHADO COM CARINHO
O olhar de Zico para o panorama atual de seleção também identifica como um absurdo o fato de um time que domina o futebol brasileiro pela segunda temporada seguida não apareça representado de alguma forma na equipe nacional.
"O melhor time daqui, foi o campeão, hoje está na frente, não tem nenhum jogador na seleção brasileira. Não dá para entender. Alguma coisa está errada. Acho que os jogadores que estão no exterior estão sendo supervalorizados. Tem que ser do exterior para jogar na seleção. Às vezes o cara é uma baba, é reserva. Os caras que estão ralando aqui acabam se desmotivando. Os olhos estão voltados para lá", opinou.
No começo da semana, em entrevista à Rádio Globo, Zico evitou diplomacia ao comentar a fase técnica do Flamengo, último colocado do Campeonato Brasileiro após 13 rodadas. O ídolo rubro-negro criticou o goleiro Paulo Victor, o meia Mugni e disse ver falta de raça no time comandado por Vanderlei Luxemburgo. No entanto, no evento em São Paulo na última quarta-feira voltou a usar sua reputação de intocável no clube para respaldar a atual diretoria.
"Acredito, são pessoas confiáveis, que estão tentando fazer o melhor. É normal que possa não ter experiência do que é o clube, mas estão procurando fazer o melhor. Não vamos esquecer que o Flamengo foi campeão da Copa do Brasil e foi campeão carioca. Então, disputou três títulos e ganhou dois. Não está bem, acho que pode se recuperar ainda. Não está com o time ideal para uma competição como o Brasileiro. Mas pelo menos eu confio no caráter dessas pessoas que estão lá. No futuro podem deixar tranquilidade financeira para aqueles que vêm por aí", disse.
Bruno Freitas
Do UOL, em São Paulo
Do UOL, em São Paulo
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