Apontada nas mais recentes pesquisas como eleita em um eventual segundo turno com Dilma Rousseff, a candidata à Presidência pelo PSB, Marina Silva, foi entrevistada na noite desta quarta-feira no Jornal Nacional. O quadro encerrou a rodada de sabatinas do telejornal com os presidenciáveis.
A ex-ministra foi confrontada com temas como o uso da aeronave envolvida noacidente que matou Eduardo Campos, a sua popularidade no seu Estado de origem, o Acre, e a sua relação com o vice na chapa, Beto Albuquerque. Mais uma vez, os questionamentos incisivos dos jornalistas marcaram a entrevista.
William Bonner abriu a sequência de perguntas questionando Marina sobre a utilização do jato que caiu em Santos matando o então candidato Eduardo Campos e outras seis pessoas. Reportagem do programa revelou que a operação de compra e venda do Cessna utilizado na campanha teria o envolvimento de empresas fantasmas.
— Nós tínhamos a informação de que era um empréstimo e que seria feito o ressarcimento no prazo legal que, segundo a própria Justiça Eleitoral, é até o encerramento da campanha — respondeu Marina.
— A senhora sabia dos laranjas? — reforçou Bonner.
— Não tinha nenhuma informação quanto a qualquer ilegalidade referente à postura dos proprietários do avião. As informações que tínhamos eram exatamente aquelas referentes à forma legal de adquirir o provimento deste serviço — disse a candidata.
Marina ressaltou a investigação sobre o caso, que vem sendo conduzida pela Polícia Federal, e pediu rigor na apuração. O jornalista, mais uma vez, insistiu no questionamento:
— Quando os políticos são cobrados por alguma irregularidade, é muito comum que eles digam que não sabiam e que tudo tem de ser investigado. Esse é o discurso que a senhora está usando. Eu lhe pergunto: em que esse comportamento difere do comportamento que a senhora combate tanto, da tal velha política?
— Difere no sentido de que esse é o discurso que eu tenho utilizado para todas as situações, inclusive, quando envolvem os meus adversários, e não como retórica, mas como desejo de quem, de fato, quer que as investigações aconteçam — afirmou Marina.
Na sequência, Patrícia Poeta questionou a ex-ministra sobre o desempenho da candidata nas eleições de 2010 no Acre. No Estado de Marina, ela obteve votação pouco expressiva, estacionando em terceiro lugar atrás de José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT).
— Aos eleitores dos outros Estados do país, que não a conhecem tão bem, como a senhora explicaria essa desaprovação clara no seu berço político? — perguntou a jornalista.
— É muito difícil ser profeta em sua própria terra — respondeu Marina, ressaltando o que classificou como conflitos de interesses enfrentados no Acre.
O tom da entrevista se elevou quando Marina, ao Patrícia reforçar o questionamento, disse que a jornalista "talvez não conhecesse bem a sua trajetória". A candidata recordou do seu histórico na política até ser eleita senadora.
Após diversas tentativas de interromper a ex-ministra, Bonner deu sequência à entrevista questionando a relação de Marina com o vice na chapa, Beto Albuquerque. O jornalista destacou que o deputado gaúcho foi um dos principais articuladores no Congresso da medida provisória que aprovou o cultivo da soja transgênica e que também se posicionou favorável à pesquisa com células-tronco embrionárias — opiniões divergentes à ex-ministra.
— Além disso, ele aceitou doações de campanhas de setores que a senhora não admitiria. Esses exemplos não mostram que Marina e Beto são a união de opostos tão comum na velha política apenas para viabilizar uma chapa? — perguntou Bonner.
— Nós somos diferentes, e a nova política sabe trabalhar na diversidade — disse Marina, que ainda falou sobre o modelo de transgênicos que defendeu como ministra. — Há uma lenda de que sou contra transgênicos — afirmou.
— Quando a união de opostos se dá com a senhora é em prol do Brasil, mas quando é com adversários seus se trata da velha política? — indagou o jornalista.
Em resposta, Marina apontou que tem visões diferentes de Beto no que diz respeito a transgênicos e a células-tronco, mas que os dois trabalharam juntos no Congresso quando o deputado gaúcho foi relator da Lei de Gestão de Florestas Públicas. No último um minuto e meio da entrevista, a candidata pôde fazer considerações finais. A ex-ministra adotou o discurso de renovação da política e criticou a luta do poder pelo poder.
Marina Silva foi convidada pela Globo após assumir a candidatura pelo PSB por conta da morte de Eduardo Campos. Também foram entrevistados pelo Jornal Nacional os candidatos Aécio Neves (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Pastor Everaldo (PSC).
A ordem das entrevistas foi definida por sorteio, com a presença de representantes dos partidos, e o critério de seleção são candidatos com pontuação igual ou superior a 3% nas pesquisas Datafolha/Ibope mais recentes. Na próxima semana, os presidenciáveis serão entrevistados no Jornal da Globo e, na semana de 22 de setembro, no Bom Dia Brasil. O debate está previsto para 2 de outubro.
Fonte: Diário Catarinense
Fonte: Diário Catarinense
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