Histórico barco a vapor para por causa do baixo nível da represa de Três Marias

Benjamim Guimarães interrompe navegação no Norte de Minas e prejudica turismo na região

A queda da vazão da represa de Três Marias obrigou a Prefeitura de Pirapora, no Norte de Minas Gerais, a suspender a navegação do vapor Benjamim Guimarães por causa do risco de acidentes. É a primeira vez desde que chegou à região, em 2002, que o barco fica estacionado por causa da seca. A paralisação impacta fortemente a economia da cidade, por se tratar de um importante atrativo turístico.

A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) reduz hoje a vazão da represa da Usina Hidrelétrica de Três Marias para 150 mil litros por segundo, ante a média superior a 500 mil litros por segundo. O resultado é a diminuição considerável do volume nos municípios localizados depois da represa. Em Pirapora, primeira cidade ribeirinha no curso do Rio São Francisco, a queda na vazão significa risco para a navegação. “As pedras podem comprometer o casco do vapor”, afirma o secretário municipal de Turismo, Anselmo Rocha. Ele afirma que até o início do período chuvoso é inviável fazer o passeio com segurança. “É preciso rezar para chover muito nas cabeceiras”, diz o secretário sobre a possibilidade de o vapor voltar a navegar até o fim do ano.

Enquanto o vapor estiver parado, a prefeitura deverá fazer reparos, substituindo as partes de madeira da roda propulsora, entre outros componentes. Construído em 1913, o histórico Benjamim Guimarães, único movido a vapor de lenha em atividade no mundo, é outra vítima da seca que afeta o Rio São Francisco e seus afluentes.

No mês passado, a Empresa Municipal de Turismo de Pirapora (Emutur) já havia diminuído bastante o percurso do barco por causa da baixa do Rio São Francisco e de seus afluentes. O percurso normal do Benjamin Guimarães se estendia por 19 quilômetros, mas, com o aparecimento de pedras e bancos de areia, havia recuado para 12 quilômetros. Os marinheiros, inclusive, eram obrigados a guiá-lo em marcha lenta para que os turistas pudessem aproveitar um pouco mais a viagem. Ainda assim, a duração do passeio foi reduzida de três para duas horas e quinze minutos.

Segundo estatísticas da prefeitura, o número de passageiros embarcados já havia caído 42% de janeiro a julho em comparação com o mesmo período do ano passado. Em 2013, 3.982 pessoas pagaram passagem, enquanto neste ano 2.309 compraram o passeio. Com a seca, circularam informações nas redes sociais dando conta de que o vapor estava parado, o que contribuiu para uma redução maior do número de clientes.

No primeiro semestre, quando a Cemig anunciou que iria baixar a vazão do reservatório de Três Marias para 250 mil litros por segundo, a Prefeitura de Pirapora acionou a Justiça para impedir a redução do fluxo devido ao risco de desabastecimento da cidade. Uma obra de emergência foi feita para bombear a água do rio para o sistema de fornecimento de água, o que garante a distribuição do insumo.

Hoje, em Três Marias, uma audiência pública do Consórcio dos Municípios do Lago das Três Marias (Comlago) discute o futuro das águas da região e os impactos para pescadores, Organizações Não Governamentais e outras entidades envolvidas.

Estado de Minas