O novo alvo comum de Dilma e Aécio passou a ser atacado com a pecha de inexperiente. É assim que os dois principais adversários vêm procurando pintar a imagem de Marina, alegando que ela atuou apenas no Legislativo e no Ministério do Meio Ambiente, no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Ninguém quer a incerteza de uma aventura”, pregou ontem o locutor do programa de Dilma, sem deixar de dizer também que o mesmo ocorre em relação à “volta ao passado (nesse caso, se refere a um governo do PSDB)”. A propaganda exibiu ainda trecho do debate ocorrido na terça-feira na TV Bandeirantes no qual Dilma cutuca Marina e diz que presidente não governa “apenas discursando”, mas tem que lidar com os problemas do país.
Ontem, em evento da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Dilma alfinetou o discurso de Marina, que vem falando em governar com pessoas de bem ao seu lado. Segundo a petista, não se acham bons sem aferição. “Não é uma questão de a pessoa ser boa ou ser ruim, é uma questão de que compromisso ela tem. É melhor ter pessoas boas e compromissadas do que pessoas boas e sem compromisso”, afirmou. Também ao falar para agricultores e sindicalistas, Dilma fez uma crítica indireta à então senadora Marina Silva, dizendo que, durante a discussão do código florestal, havia uma posição de “extremismo absoluto”, mas seu governo conseguiu uma “coisa proporcional” em relação à legislação. A petista criticou ainda os adversários que, segundo ela, vêm baseando suas campanhas em mentiras.
Cobrança de coerência Já Aécio, que na quarta-feira havia dito que o Brasil “não é para amadores”, reforçou ontem a ideia. Em visita a trabalhadores da construção civil em São Paulo, o tucano afirmou que o Brasil enfrentará dificuldades daqui para a frente e, por isso, é melhor ter alguém experiente em seu comando. “Temos que desarmar várias bombas-relógios armadas por esse governo, e posso afirmar que o Brasil não é para principiantes”, discursou.
Também no primeiro debate entre os candidatos à Presidência, Aécio confrontou Marina em sua primeira oportunidade e cobrou coerência da adversária. Ele se referia ao fato de ela ter se negado a subir em palanques como o do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), enquanto era vice do primeiro candidato da chapa, o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), falecido em 13 de agosto, e depois de se tornar a titular falar em governar com apoios do PT e PSDB. Disse ainda ter dificuldade de entender o que seria a “nova política” que Marina diz representar. Na visita a São Paulo, Aécio contou com as presenças do ex-governador de São Paulo José Serra e do atual, Geraldo Alckmin.
Apesar de adotar a crítica a Marina, o tucano não abandonou o discurso contra Dilma e o PT. Ao anunciar uma proposta de governo, Aécio fez referência a uma sertaneja que, via Ministério do Desenvolvimento Social, recebeu uma dentadura da prefeitura de sua cidade na véspera de gravar participação na propaganda da petista. O tucano prometeu dar uma bolsa de um salário mínimo para jovens com idades entre 18 e 29 anos que retomarem os estudos. “Isso não é dar um dente, isso é dar dignidade”, comparou. O presidenciável falou em levar o programa Poupança Jovem, que adotou em Minas Gerais, para o país, a começar pelo Nordeste.
Na propaganda eleitoral, a equipe de Dilma não perdeu tempo. Em tom de bate-papo, os personagens do programa de rádio da petista apresentaram uma notícia veiculada pela imprensa e questionaram a viabilidade da poupança do tucano. “Só fez em 1% das cidades mineiras? Que coisa, hein? E tem mais: alunos reclamando do atraso de até um ano para receber esse dinheiro. Agora ele diz que vai levar para todo o Brasil. Dá para acreditar?”, questiona.
Afagos e críticas
Em contraponto, Marina, que visitou nessa quinta-feira uma feira do setor sucroenergético em Sertãozinho (próximo de São Paulo), afirmou que vai corrigir as políticas “equivocadas” do atual governo. A candidata incorporou o discurso dos usineiros, que vêm criticando as políticas da gestão de Dilma para o setor. Ao falar para participantes da feira, Marina disse que, se a atual administração tivesse feito menos propaganda do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e mais governança, o setor sucroalcooleiro não estaria na situação de hoje. “Vocês fizeram o dever de casa, se ajustaram, acreditaram na propaganda do governo, assumiram compromissos para fornecer uma fonte de energia que deveria ser estimulada, apoiada. Mas os erros que foram praticados devem ser corrigidos, para ter o resultado que o Brasil precisa”, afirmou, juntando afagos aos usineiros e crítica ao governo.
A candidata citou o fechamento de usinas de álcool e disse que houve prejuízo para o equilíbrio ambiental. “O governo não tem que fazer propaganda, mas assumir o compromisso e torná-lo realidade reforçou, sem dizer quais são suas propostas para o setor. Esta semana, Marina vem procurando reforçar o discurso de que traz o novo ao acabar com a polarização entre PT e PSDB. Segundo a ex-senadora, os constantes enfrentamentos têm sido prejudiciais ao país.
“Estamos numa campanha baseada na mentira, assim como diziam que não iria ter Copa e teve. Eles continuam fazendo isso, é o processo deles. E falam, falam e falam”
“Ninguém quer a incerteza de uma aventura nem a volta ao passado”
Dilma Rousseff (PT)
“Os candidatos que têm tempo e dinheiro fazem na TV uma propaganda cinematográfica, mostram na TV um Brasil bem diferente do Brasil de verdade”
“O Brasil pode até precisar de um gerente, mas precisa mesmo é de quem tem visão estratégica”
Marina Silva (PSB)
“O Brasil enfrentará dificuldades de enorme complexidade pela frente, temos que desarmar várias bombas-relógios armadas por esse governo, e posso afirmar que o Brasil não é para principiantes”
“O brasileiro quer sorrir, mas sorrir de verdade, sem precisar botar dente de última hora”
Aécio Neves (PSDB)
Por Juliana Cipriani - Diário de Pernambuco
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