Delegado Guilherme Caraciolo liderou a investigação (Foto: Moema França/G1)
Segundo o delegado Guilherme Caraciolo, que liderou a investigação desde o dia da morte do médico-cirurgião, o mandante do crime foi Cláudio Amaro Gomes. "Um dia depois do crime nós já sabíamos que o filho dele estava envolvido, por causa das imagens do Hospital do Câncer. A vítima era um arquivo ambulante das coisas erradas que o Cláudio Amaro tinha no decorrer da vida profissional. Eles dois tinham uma sociedade e trabalhavam juntos em alguns hospitais. A vítima verificou vários procedimentos irregulares e chegou a relatar para os amigos que estava rompendo a sociedade", explica Caraciolo.
"Duas semanas antes da morte, uma testemunha se encontrou com a vítima e ela disse que estava sendo perseguida por Cláudio Amaro no Hospital das Clínicas e que pensava em processá-lo por assédio moral. Ele [Artur] era um médico excepcional, com doutorado em cirurgia torácica e obtinha notas consideradas insuficientes quando era avaliado por Cláudio Amaro. Ele foi reprovado no estágio probatório por causa disso. Outras avaliações, no entanto, mostravam que Artur era muito bem visto pela maioria dos médicos nos hospitais por onde passava", analisa Caraciolo.
Segundo a investigação, o médico Cláudio Amaro recebia um percentual dos convênios se o paciente precisasse de internação na UTI e Artur não concordava. "A empresa era de Claudio Amaro e ele não conseguia passar muito tempo com o mesmo sócio, sempre tinha problemas. Ele ganhava dinheiro porque os outros faziam as cirurgias, se aproveitava do potencial dos estudantes e isso irritou Artur", aponta.
"A vítima era um arquivo ambulante das coisas erradas que o Cláudio Amaro tinha no decorrer da vida profissional", diz o delegado Guilherme Caraciolo.
As informações vão ser repassadas para o Conselho Nacional de Medicina, segundo o chefe da Polícia Civil, Osvaldo Morais. "Ele tinha superfaturamento em cirurgias, vamos informar para o Conselho Nacional de Medicina e também para os órgãos públicos, pois ele trabalhava no Hospital das Clínicas também", aponta.
Envolvidos
O médico Cláudio Amaro Gomes e o filho, o bacharel em direito Cláudio Amaro Gomes Júnior estão presos desde o dia 3 de junho. Outro suspeito de participar do crime também está detido, mas ele foi autuado por um assalto a banco. Os outros dois suspeitos seguem foragidos, procurados por outros crimes, mas todos já foram indiciados. A polícia agora aguarda a denúncia do Ministério Público e do poder judiciário para realizar a prisão.
As imagens das câmeras de segurança do Hospital do Câncer mostram Cláudio Amaro Gomes Júnior procurando pelo médico Artur Eugênio na unidade de saúde. No carro, mais outro suspeito aguardava a saída do médico. Mais tarde, eles saem com o carro para esperar a vítima e seguem até o Hospital Português. Em nenhum dos dois hospitais eles tiveram oportunidade de se aproximar da vítima, que só foi abordada na rua de casa.
Segundo o delegado Guilherme Caraciolo, a primeira pessoa a ser investigada foi Claudio Amaro Gomes Júnior. "No mesmo dia do assassinato, ele fez um boletim de ocorrência na Central de Flagrantes dizendo que o carro que havia alugado foi roubado, mas o tempo todo ele estava com o veículo no assassinato. Ele deu suporte enquanto os outros dois suspeitos executaram o médico. Como eles alugaram o carro sem intenção de devolver, também foram autuados por estelionato", explica.
Quem tiver informações sobre o caso pode telefonar para (81) 3421-9595, que atende à Região Metropolitana do Recife e à Zona da Mata Norte, ou (81) 3719-4545 (moradores do interior do estado). Também é possível repassar informações através do site do Disque-Denúncia, que permite envio de fotos e vídeos. O serviço funciona 24h, todos os dias da semana. O anonimato é garantido.
Do G1 PE
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