Devido ao assoreamento e a baixa vazão no Rio São Francisco, a Marinha do Brasil passará a monitorar o peso das embarcações que navegam no trecho entre as cidades de Penedo (AL) e Neópolis (SE). A diminuição do peso já era rotina entre os donos das balsas, que estão tendo que redobrar as atenções para não encalhar durante as travessias.
No leito do rio, as ilhas de areia não param de crescer. O Velho Chico perdeu a correnteza e está a cada dia mais largo e raso. A embarcação de José Antônio Menezes é uma das que vive encalhando. “A balsa dá várias topadas no banco de areia e quando acontece uma colisão no casco de embarcação pode chegar a danificar peças, como caixa de marcha e protetor de hélice", conta.
Há 50 km da foz, a navegação passou a depender da maré. Quando está baixa, poucas embarcações conseguem atravessar o rio. O canal navegável ficava em linha reta e a travessia era feita em até 7 minutos. Agora, as balsas são obrigadas a fazer curvas e reduziram bastante a velocidade. O risco delas encalharem é cada vez maior.
O tempo de viagem da balsa que transporta carros entre as cidades de Penedoe Neópolis triplicou. Com isso, o peso passou a ser controlado pela Capitania dos Portos. “A gente tem que controlar o número de veículos carregados. Ao invés de levar dois, a gente vai com um” diz o comandante de balsa José dos Santos.
O capitão dos Portos, Antônio Braz ,explica que novas medidas de segurança serão tomadas de acordo com a condição do rio. “A Marinha vai continuar acompanhando o nível do rio e, se for necessário, vai fazer interrupções pensando na segurança da sociedade", expõe Braz.
Para o presidente da sociedade Canoa de Tolda, Carlos Eduardo Ribeiro, uma ONG que há 23 anos monitora os impactos ambientais no Rio São Francisco, a situação é preocupante. “O canal fluvial, que é aquele canal mais profundo, está se atrofiando, já que com a erosão nas margens do rio há a formação de bancos de areia e o assoreamento desse canal. O rio hoje é comparável a um prato raso”, destaca Ribeiro.
G1 SE
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