As drogas injetáveis, a utilização de material não esterilizado por manicures, acupunturistas e até dentistas ajudou a espalhar o vírus.
Segundo o gerente de Projetos da ABPH, Eduardo Tadeu Lima e Silva, até 1995 não era feito nenhum teste de hepatite em transfusões de sangue, “muitas pessoas foram contaminadas com hepatite C, não foram diagnosticadas e silenciosamente a doença foi progredindo e virou uma cirrose ou câncer hepático. Então, existe uma janela de portadores silenciosos que foram transfundidos e que não sabem que são portadores do vírus”.
A ABPH promove hoje (28) uma campanha de conscientização em quatro terminais rodoviários de São Paulo - Tietê, Barra Funda, Jabaquara e Guarulhos - e vai oferecer, gratuitamente, o teste rápido para a hepatite C. A associação, que sobrevive de doações, trabalha há três anos no acompanhamento e apoio a pacientes com hepatite.
“Hoje, há um controle maior nas transfusões. Com a chegada da aids e da hemofilia, os centros de doações passaram a fazer uma testagem mais específica. Então, o portador dificilmente vai transmitir, mas essas pessoas morrem se não identificadas a tempo”, disse Silva, explicando que a hepatite C só é reconhecidamente transmitida pelo sangue, em transfusões e compartilhamento de material perfurocortante.
O presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH), Edison Roberto Parise, explica que todas as pessoas que nasceram entre 1945 e 1970 devem realizar o teste para hepatite C. “Estamos lançando essa campanha tanto para a população quanto para os médicos pedirem o exame a seus pacientes”, disse Parise.
Ele conta que, na década de 70 e 80 era muito comum a automedicação em farmácias com antigripais e estimulantes por via endovenosa com seringas de vidro. Além das drogas injetáveis, a utilização de material não esterilizado por manicures, acupunturistas e até dentistas também ajudou a espalhar o vírus,. “Então, mudamos a estratégia e chamamos na campanha todos as pessoas com mais de 45 anos, independente do histórico de exposição ao vírus”.
O dia 28 de julho foi instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais. Segundo dados da organização, 500 milhões de pessoas no mundo carregam algum dos cinco vírus da doença. A hepatite é a inflamação do fígado, uma doença que nem sempre apresenta sintomas. Os tipos B e C, são as causas mais comuns de cirrose hepática e câncer de fígado.
As hepatites virais são responsáveis por 1,4 milhão de mortes todos os anos no mundo. No Brasil, o Ministério da Saúde divulga esta semana informações e dados atualizados sobre a doença.
Agência Brasil
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