Centenas de pessoas cometeram saques e arrastões a lojas e veículos na BR-101 Norte, na altura do município de Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife, ao longo da tarde e da noite desta quarta-feira (14). Caminhões de carga foram parados e arrombados. Ônibus foram depredados. Sons de alarmes soavam por todos os lados. Relatos de pessoas que passaram pelo local dão conta de que um clima de total desordem foi instaurado na cidade, que, por uma triste ironia, faz aniversário ontem. Policiais militares, em greve desde a última terça-feira (13), não foram encontrados no local.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF), por sua vez, enviou agentes para tentar controlar a situação, mas o número de profissionais é pequeno para controlar a multidão, que tem deixado um rastro de destruição por onde passa. Estabelecimentos comerciais tiveram as portas destruídas. Homens e mulheres de todas as idades pareciam incansáveis à procura de eletrodomésticos, colchões, bebidas e objetos dos mais variados que pudessem carregar nos braços, em carros de mão e em veículos de passeio. Até agora, várias pessoas foram detidas, entre elas, um grupo surpreendido quando saqueava um supermercado.
O trânsito ficou complicado no sentido João Pessoa-Recife durante boa parte da tarde. Na direção oposta, um ônibus foi atravessado na via e apedrejado. Motoristas que tentam tomar rotas alternativas também relatam terem sido ameaçados por pessoas com o rosto coberto. De acordo com a PRF, os saques e arrastões ocorreram nas proximidades do quilômetro 50 da rodovia, no trecho que compreende o centro de Abreu e Lima.
Pessoas que trabalham na região também contam sobre dificuldades para deixar o local. Um técnico de processo e qualidade de uma indústrica que fica em Itapissuma, município vizinho, disse que um ônibus de fretamento da empresa chegou a ser atacado quando levava funcionários para casa, por volta das 14h. “Os outros ônibus que estão saindo estão pegando um atalho por Araçoiaba e Aldeia para poderem chegar ao Recife. Mas muita gente está preferindo ficar aqui. Estamos esperando alguma notícia que nos tranquilize”, relatou, pedindo para não ser identificado.
Folha de Pernambuco
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