domingo, maio 11, 2014

“O negro é visto como um empecilho ao desenvolvimento”, diz Lisboa Theodoro em evento de combate ao racismo

Mário Lisboa Theodoro (Foto: MPPE/divulgação)

“O negro é visto como um empecilho ao desenvolvimento”, disse o consultor legislativo do Senado Federal e professor da Universidade de Brasília, Mário Lisboa Theodoro, nos primeiro momentos de sua palestra magna O Brasil e o Desafio do Enfrentamento da Questão Racial, no segundo e último dia da Ação Nacional em Defesa dos Direitos Fundamentais: Enfrentamento ao Racismo, no Hotel Jangadeiro, em Boa Viagem, na sexta-feira passada (9). O evento foi promovido pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e teve como anfitrião o Ministério Público de Pernambuco (MPPE).

Após uma contextualização histórica de como surgiu e se ampliou o racismo no Brasil, o professor esclareceu que a democracia racial nacional é um engodo e que o racismo está em todos os locais. “A sociedade brasileira impõe filtros para que a população negra tenha acessos barrados ou dificultados”, analisou.

Lisboa Theodoro citou as cotas raciais em universidades como um dos avanços para se corrigir a vala histórica entre negros e brancos no País. No entanto, ele lembrou que a resistência de grande parte das pessoas se deve justamente ao racismo intrínseco, que argumenta que as cotas deveriam ser sociais e que não existem apenas pobres negros. “A cota não é para acabar com a pobreza. É para combater o racismo, fazendo que tenhamos no futuro uma elite intelectual tão colorida quanto a base do nosso povo”, explicou.

Segundo Lisboa Theodoro, as camadas sociais deveriam receber a mesma aceitação de diversidade que a seleção brasileira. “Uma vez o pastor americano Jesse Jackson disse que o nosso time de futebol era muito bom porque havia nele os diversos tipos brasileiros. Que se isso fosse levado para outras áreas, seríamos um país maravilhoso”, recordou.

A avaliação do professor é que o Brasil é viciado em desigualdades. “Um profissional classe média que ganha R$ 7 mil por mês, geralmente, acha pouco seu salário. Mas se a empregada doméstica dele quer ganhar R$ 1 mil, ele acha que ela quer ganhar demais, mesmo ela tendo filhos, casa, família para sustentar. É a matemática de que há pessoas superiores e inferiores.”

Após a palestra de Mário Lisboa Theodoro e o debate com os participantes, o evento coordenado pelo GT Racismo do MPPE, apresentou oficinas e propostas do Projeto Conhecer para Enfrentar. “Uma das dificuldades que temos é que várias pessoas acreditam que o racismo não existe. Eventos como esse que realizamos esclarecem as mentes e, assim, podemos nos debruçar melhor sobre os enfretamentos”, concluiu a procuradora de Justiça e coordenadora do GT Racismo, Maria Bernadete Figueiroa.

MPPE

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