quarta-feira, abril 23, 2014

Transposição do São Francisco ameaça terras indígenas


Cabrobró (PE) e Floresta (PE) - Fincados na caatinga do semiárido pernambucano, em terras secas por onde andou o cangaceiro Lampião, estão os povos indígenas Truká e Pipipan. Vivem nas proximidades do Rio São Francisco, respectivamente nas cidades de Cabrobó e Floresta, distantes 94 quilômetros uma da outra e a cerca de 600 quilômetros da capital Recife. Não faltam a eles características em comum. Habitam terras herdeiras da violência do cangaço, vivem a pior seca dos últimos 50 anos, viram seu chão sendo submerso pela represa de Itaparica em fins da década de 1980, estão no chamado polígono da maconha com inúmeros conflitos agrários, e são vizinhos de Itacuruba, cidade para a qual o governo federal guarda projeto de construção de uma usina nuclear.

Em comum possuem também a ameaça à demarcação de suas terras, principal bandeira de reivindicação dos indígenas, pelas obras da transposição do São Francisco, uma das maiores obras de infraestrutura do governo federal. As duas tomadas de águas do rio, que serão levadas por dois canais sertão adentro, estão sendo construídas em territórios reivindicados pelos Truká e Pipipan em Cabrobó e Floresta.

Por um mês, a reportagem percorreu terras do sertão de Pernambuco e apurou questões enfrentadas por esses povos, como o conflito de terras e pela água, grileiros, desmatamento, problemas agravados com as obras da transposição.

Clique nos links abaixo para navegar por esta reportagem especial.

>Terras sagradas
A relação dos povos indígenas com as terras, florestas e águas do São Francisco
>Obras gigantes e incerteza de demarcação das terras Pipipan
Indígenas acompanham com apreensão abertura de novos canais
>Transposição, a nova barreira para a retomada Truká
Desde a década de 1980 indígenas tentam recuperar áreas desmatadas
>Conflitos e mortes marcam disputa por terras
Liderança indígena conta história da retomada dos Truká e de violências sofridas
Funai atrasa demarcação e recursos são devolvidos
Ministério da Integração havia reservado R$ 6,3 milhões para gastos
Impactos ambientais afetam comunidades indígenasEstudos têm omissões graves e recuperação ambiental é insuficiente
Preconceito é barreira para garantir direitos indígenas
Identidade dos indígenas é questionada e perseguições continuam

Por Renata Bessi, especial para a Repórter Brasil

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