segunda-feira, abril 21, 2014

Mulheres rurais definem estratégias de enfrentamento à violência contra a mulher


Defender que a Comissão Permanente de Mulheres Rurais acompanhe o funcionamento das Unidades Móveis e realizar uma campanha permanente de enfrentamento à violência contra a mulher, voltada especialmente para o público masculino, foram alguns dos encaminhamentos da Oficina de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher, promovida pela Fetape e a Contag, entre os dias 01 e 04 de abril, no Bairro do Carmo, em Olinda.

Originalmente as unidades móveis preveem a criação de um Fórum específico para discutir e acompanhar o serviço. No entanto, as mulheres presentes no Encontro, que representam diferentes movimentos sociais integrantes da Comissão Permanente de Mulheres Rurais entenderam que seria desnecessário criar uma nova instância para atender a tal finalidade, por compreenderem que a Comissão já possui esse papel.

Pensando em trabalhar o caráter educativo do combate à violência contra a mulher, a plenária decidiu por planejar uma campanha visando a prevenção do problema junto ao público masculino. Além disso, as representantes decidiram elaborar uma carta com propostas para assegurar o funcionamento das Unidades, de acordo com a realidade das mulheres ligadas às mais diversas comunidades rurais de Pernambuco. O documento será apresentado ao conjunto da Comissão, durante reunião prevista para acontecer no final de maio.

“Assegurando essas discussões de forma coletiva, evitaremos que esse serviço possa chegar às comunidades, sem planejamento e sem estar devidamente adequado à realidade de cada localidade” , ponderou a diretora de Políticas para as Mulheres da Fetape, Silvia de França.

A Oficina de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher reuniu cerca de 30 lideranças e debateu, ao longo dos três dias, as raízes da violência e como ela se expressa na vida das mulheres rurais. O grupo também refletiu sobre os dados contidos no relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito da Violência, entregue à Presidenta Dilma Rousseff, no fim de 2013, e sobre a pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), realizada em março deste ano, que apontou, inicialmente, que 65% da população acreditava que as mulheres usando roupas coladas ou curtas mereciam ser estupradas. Uma situação considerada muito grave, embora tenha sido publicada uma versão revisada da pesquisa e esse número caiu para 26%.

A diretora de Políticas para as Mulheres da Fetape, Sílvia de França avaliou a oficina positivamente. “A atividade possibilitou uma maior compreensão entre os diversos movimentos que atuam no campo. Foi um momento de nos fortalecermos na atuação conjunta para que as Unidades Móveis, conquista da Marcha das Margaridas, sejam, de fato, utilizadas no enfrentamento a violência contra as mulheres das comunidades rurais, dos assentamos, dos quilombos e das aldeias. Para nós, essas unidades têm um sentido muito especial, pois são fruto de nossa luta e, por isso, temos que está articuladas para que elas cumpram seu papel”, avaliou.

FETAPE

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