Nesta segunda-feria (10) a empresa de buscas lançou sua edição brasileira do Desafio de Impacto Social. A competição já ocorre na Índia e no Reino Unido e premia ONGs capazes de oferecer soluções tecnológicas para problemas sociais graves – como doenças transmitidas por água contaminada. Aqui, quatro organizações selecionadas receberão R$1 milhão cada para por em prática projetos de impacto social que se utilizem da tecnologia de maneira inovadora.
O Brasil é o terceiro país do mundo a sediar a competição. A escolha se justifica pela atenção que o país vai atrair nos próximos anos, com a Copa do Mundo e a Olimpíada de 2016. E pelo fato de o país ser um mercado estratégico para a empresa – em companhia do México, Índia, Indonésia e Rússia, o Brasil constitui o que o Google considerada um mercado Premium: “É um país com grande utilização dos serviços do Google e com grande potencial tecnológico” afirma Fábio Coelho, diretor geral do Google Brasil.
A competição entre ONGs ocorre desde 2012, sob direção do braço filantrópico da empresa, o Google.org : “Logo que o Google foi fundado, decidimos que queríamos impactar a vida das pessoas”, diz Jacqueline Fuller, diretora do Google.org “No Brasil, queremos encontrar empreendedores que façam uso da tecnologia de maneira criativa”.
Para participar, basta que a organização esteja sediada no Brasil. As soluções propostas não precisam envolver tecnologia digital ou produtos do Google. As ONGs interessadas podem se inscrever pelo site.
De acordo com o Google, os critérios de seleção estão baseados em três pontos principais:
1 – A qualidade e originalidade da ideia e o alcance do impacto que ela tem potencial para gerar.
2- A capacidade que a organização possui para colocar o projeto em prática.
3- O histórico da ONG – seus projetos passados, parceria e apoiadores.
A seleção dos projetos será dividida em três etapas. Na primeira, um time do próprio Google, no Brasil e nos Estados Unidos, vai selecionar 10 projetos em meio aos inscritos. Os escolhidos ficarão disponíveis online, para voto popular. Esses finalistas participarão de um evento no dia 8 de maio, quando serão anunciados o vencedor do voto popular e os outros três projetos escolhidos pelo time de jurados – Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna; o apresentador e empresário Luciano Huck; o empresário Josué Gomes; o músico e ativista MV Bill e a própria Jacqueline, do Google.
“Para muitas ONGs, a gente sabe que é difícil conseguir financiamento. Essa pode ser a nossa pequena contribuição”, diz Coelho. No país, a meta é amealhar maior número de inscrições do que na Índia, onde pouco mais de 1 milhão de ONGs participaram da competição. Os quatro vencedores, além de receber os R$4 milhões, serão acompanhados por funcionários do Google nos três anos seguintes, prazo para que os projetos entrem em funcionamento. Trata-se de uma parte importante da premiação – o Google diz não querer que a competição se converta em mera doação. Para Viviane Senna, a empresa pode oferecer sua experiência e conhecimentos às organizações premiadas: “No Brasil, não falta verba” diz ela. “Falta boa gestão e acompanhamento dos resultados, coisa que as empresas sabem fazer muito bem”.
Projetos já em desenvolvimento também podem ser inscritos. A exigência é de que o dinheiro do prêmio seja utilizado exclusivamente em sua realização – seja na contratação de funcionários ou na compra de equipamentos.
Nos últimos anos, ganharam destaque as iniciativas do Google que, utilizando a tecnologia, buscam impacto direto na vida de diferentes populações. Além do Google.org, a empresa desenvolve projetos cujo objetivo é aumentar o acesso a internet banda larga – questão fundamental para os negócios da empresa. O projeto Loon, por exemplo, tenta viabilizar a oferta de internet a partir de balões meteorológicos.
A intenção, caso essa primeira edição brasileira dê certo, é repetir o Desafio de Impacto Social anualmente no Brasil.
Revista Época