Eles estão sem aula há quatro anos e estado deveria enviar professores.
Acampamento deve durar até quando conseguirem educadores, diz cacique
O acampamento começou na manhã desta segunda-feira (24) e, segundo o cacique Alírio Avelino da Silva, deve durar até que alguém confirme a ida de profissionais. “Nós participamos de aulas há um tempo com uma menina ensinando debaixo de uma palhoça ou de uma árvore. Ano passado, participamos pelo município, mas o estado é quem é responsável pela educação dos indígenas”, afirma. Audiências para resolver o problema foram realizadas com várias instituições, incluindo o Ministério Público, porém, não obtiveram êxito, ainda segundo ele.
A escola mais perto para os pipipã fica a 35km da aldeia Pedra Tinideira, que conta com mais de 50 famílias. Já a cidade está a 60 km. No entanto, há instituições mais próximas, em outra maloca da etnia, a 6km. O problema é que as comunidades, mesmo sendo formadas por parentes, não convivem bem. “Os grupos são famílias, mas não se entendem. Não é de sangue e morte, mas algumas pessoas não têm capacidade de dizer 'Vamos viver unidos como a gente era antes'. Outro cacique e eu já tentamos unir, mas as pessoas da comunidade não quiseram”, explica.
Ele conta ainda que já informou a situação ao Conselho Tutelar, Fundação Nacional do Índio (Funai) e Secretaria de Educação de Pernambuco. Nossa redação entrou em contato com a assessoria desta pasta, que deve enviar nota sobre a situação.
Visita de técnicos da GRE
No dia 16 de janeiro, a aldeia recebeu visita de técnicos da Gerência Regional de Educação para verificar a estrutura de um prédio próximo, a fim de instalar salas de aula. O G1 teve acesso ao relatório. Este indica “espaço físico em boas condições”, onde pode funcionar “uma escola com 2 salas de aula, diretoria, secretaria, cozinha e banheiro”. No mesmo documento consta a primeira lista de possíveis alunos. A seleção foi confirmada pelos representantes dos indígenas, como pedido em audiência no Ministério Público, no dia 31 de janeiro, em Serra Talhada. O cacique Alírio Avelino, porém, afirma que a GRE nada mais fez.
Em outro documento a que o G1 teve acesso, os representantes ressaltam que “Considerando que a oferta de educação básica diferenciada aos povos indígenas é elemento básico para a garantia de uma educação voltada à preservação da cultura, costumes, crenças e tradições do nosso povo, vimos, pelo presente, solicitar dessa GRE providências urgente no sentido de atender a nossa aldeia” (sic). O pedido foi enviado para Maria Dilma Marques Torres, gestora da GRE – Sertão Médio São Francisco, que o teria recebido em 15 de janeiro.
Trecho do relatório da visita da Gerência Regional de Educação. (Foto: Reprodução/ Relatório da GRE)