A empresária do ramo de transportes Ana Cristina Aquino declarou que pagou R$ 200 mil ao ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi (PDT) como suborno para acelerar a criação do Sindicato dos Cegonheiros de Pernambuco (Sincepe), no município de Goiana, no Litoral Norte do estado. A denúncia foi publicada na revista IstoÉ deste final de semana e repercutida no jornal Folha de S. Paulo desta quinta-feira (30).
Segundo Ana Cristina, ela teria levado o dinheiro a Lupi no próprio gabinete do ex-ministro em Brasília. O suposto pagamento teria acontecido no segundo semestre de 2011. "Fui muito bem atendida, tomamos café, o ministro muito sorridente. Falava que ia ser o código sindical mais rápido da história, ele (Lupi) brincava com isso", disse.
A empresária ainda "brincou" que, com o pagamento, o processo de criação do Sincepe, em Goiana, "andou em um dia o que andaria em um mês". O trâmite para a fundação do sindicato desacelerou após a saída de Lupi da pasta, após suspeitas de irregularidades, no final do mesmo ano. Quem intermediou o encontro com Lupi, segundo a empresária, foi o advogado João Alberto Graça, assessor do ministro do Trabalho, Manoel Dias (PDT), e membro do diretório nacional do PDT.
A relação entre a empresária e a equipe de Lupi pode ser mais extensa. Ana Cristina Aquino diz que o advogado João Aberto Graça foi sócio de uma de suas empresas, a filial paranaense da AGX Log Transportes. Ele também advogou pela criação do novo sindicato. "Depois (Graça) saiu da sociedade (no final de 2013, após primeiras denúncias da IstoÉ sobre o caso) e exigiu, para não fazer confusão, R$ 180 mil mais R$ 300 mil, sem que tivesse colocado um real na empresa", disse a empresária em documento registrado em cartório.
O dinheiro repassado a Lupi, segundo Aquino, era do empresário Sérgio Gabardo, dono da Transgabardo, no RS, e que ela diz ser ligado ao assessor Graça. Ele nega. A empresária disse ser vítima de Gabardo e que ele "administra uma monumental lavagem de dinheiro com participação de políticos".
Resposta
O ex-ministro Carlos Lupi (PDT), que ocupou o Trabalho de 2007 a 2011, classificou as acusações da empresária Ana Cristina Aquino como "surreais" e "inverossímeis". Afirmou que nunca esteve com ela e que não há registro da suposta presença da empresária no ministério. "Vou colocá-la na Justiça e espero que vá para a cadeia", disse.
O Ministério do Trabalho informou que o processo de criação do Sincepe foi cancelado no último dia 23, por força de uma ordem judicial de abril de 2012, que apontou irregularidades na assembleia de fundação da entidade.
Por Tércio Amaral, do Diário de Pernambuco