No calor da emoção, muitas vezes nos precipitamos em nossas opiniões. Sei que existem muitos estudiosos e especialistas no assunto que têm as mais diversas opiniões sobre como prevenir esses tipos de ataque. Uns colocam a culpa exclusivamente no Porto de Suape, devido ao período das ocorrências andarem lado a lado com o mesmo período das intensificações da instalação do complexo portuário.
Não desqualifico esta opinião, porém, nas últimas décadas temos visto - e sentido - o aumento desenfreado da poluição, principalmente nos rios que cortam a região metropolitana, justamente a área que é afetada com os ataques. Tamanha poluição tem sim contribuído drasticamente para a aniquilação da fauna marinha da região, fazendo com que não só os tubarões, como todas as espécies, sofram de um desequilíbrio sem precedentes.
Redes de proteção, boias, caça ou qualquer outra forma de "evitar" estes ataques serão em vão se não vierem acompanhadas de um trabalho de despoluição dos nossos mananciais.
Tenho vergonha ao ver que a Avenida Agamenon Magalhães, no lugar que era para ter um canal para escoamento de água limpa, há um esgoto a céu aberto como cartão de visita para uma das entradas mais importantes de Recife. O que falar do Rio Tejipió, do Canal do Cavoco, do Rio Capibaribe, do Rio Jaboatão...?
A verdade é que a fauna e flora estão sofrendo e têm respondido de várias maneiras. Devemos escutar o clamor da natureza e responder não com atitudes insanas, querendo tirar o foco do problema. Temos a responsabilidade de reconhecer os nossos erros como habitantes quando poluímos os nossos mananciais.
As prefeituras devem reconhecer seus erros quando não se importam em educar os seus cidadãos quanto a importância de se preservar o meio ambiente e em relação a tomar medidas quanto a punir os que agem de maneira errada.
E, por fim, o Governo do Estado deve ter a humildade de reconhecer que é o maior poluidor e responsável pelo que está acontecendo, pois, por meio da Compesa, não cuida do nosso esgoto, jogando-o sem tratamento nos rios e canais.
Texto: Wellington Ribeiro