sexta-feira, dezembro 06, 2013

Petrolândia: Reunião debate novo modelo de agricultura no município

Em um momento em que é imprescindível cuidar do planeta, a sociedade mostra que está atenta aos problemas locais, e que quer participar das ações públicas em defesa da vida.

Por iniciativa da ONG ARBio – Associação de Reciclagem Biológica, e participação da Câmara Municipal de Vereadores de Petrolândia – PE, foi discutido durante reunião o modelo agrícola em nossa região, assunto muito complexo que diz respeito direto à vida de cada um de nós.

O encontro foi realizado na Sala de Reuniões da Câmara de Vereadores, nessa quinta-feira (05), às 10h00. Os temas mais discutidos foi o uso indiscriminado de agrotóxicos, a saúde das pessoas e do Meio Ambiente, a coleta das embalagens desses produtos e ações que devem ser iniciadas o mais breve possível, inclusive ações de Educação Ambiental.

Estiveram presentes representantes da ARBio, agricultores e agentes ambientais da Escola Municipal 7 de Setembro, por meio do Grêmio Estudantil a Escola de Jatobá e Escola Maria Cavalcanti Nunes. Presentes os membros da Comissão de Meio Ambiente da Câmara de Municipal de Petrolândia, Silvio Rogério, Dona Santa e Zé Pezão, além de Dr. Eudes Fonseca, Jorge Viana e o presidente da Casa Legislativa, Fabiano Jaques Marques.

Sabemos “o que representa este desafio de desenvolvimento sustentável para o mundo, e especialmente para o Brasil. O que estamos presenciando é uma exploração burra dos nossos recursos naturais colocando em risco a possibilidade de uma melhor qualidade de vida no futuro”, disse um dos coordenadores da ARBio o prof. George Novaes.

A ideia é iniciar um processo de diálogo para construção de confiança entre as partes e criação de uma estrutura com governança para indicar caminhos para o desenvolvimento sustentável. Analisando a mudança da agropecuária convencional para uma agropecuária ecológica e que é preciso buscar novo patamar de conhecimento, ainda mais se falando em região de semiárido que é dos ambientes mais desafiadores para a agricultura, além de ter que atingir os graves problemas sociais já enraizados nesta região do nordeste.

Logo no inicio, um depoimento importante do Sr. Anderson Viana, agricultor, que denunciou a existência no Projeto Apolônio Sales uma área onde foi depositada grande quantidade substâncias tóxicas, isso em frente à Igreja do projeto. Confirma que agricultores chegavam a desenterrar e apanhar este material para utilização nas culturas, produto este condenado e de uso proibido. Mais informações indicam que mais locais no perímetro de Petrolândia podem estar servindo de deposito para estas substâncias tóxicas e causando danos à saúde de todos.

O prof. George Novaes, presidente da ARBio, falou da importância de iniciar este diálogo enquanto há tempo de se fazer algo e que o modelo agrícola local tem que ser repensado e direcionado para um modelo sustentável, pois, da forma que estamos vendo caminhamos para um problema de saúde ambiental e pública – se referindo ao uso indiscriminado dos agrotóxicos e a população tem que ter maior participação e cobrar políticas públicas apropriadas e que o setor privado também precisa apoiar os eventos socioambientais para melhoria de nossa cidade e região. São problemas que vão desde o desperdício e mau uso da água para a agricultura, passando pela contaminação e exaustão do solo, lençol freático e consequentemente o Lago de Itaparica, atingindo a população por meio desta água e pelo consumo de alimentos produzidos com estas técnicas, se é que podemos chamar isto de técnica.



O vereador Fabiano Jaques, disse que o agricultor deve ser mais consciente e que os cidadãos devem acompanhar mais e cobrar as ações na política pública. Também falou sobre a importância de um trabalho de Educação voltada para este setor, principalmente no que se refere à Educação Rural e que neste último ano viu avanços na relação da Câmara com as questões do Meio Ambiente.

Para o agricultor e vereador Silvio Rogério p problema está claro, um sistema de irrigação saturado e danoso por si só, a falta de infraestrutura é uma trava para o desenvolvimento de qualquer setor. Com a acomodação causada por uma assistência técnica debilitada, os produtores acabam abusando no uso de agrotóxicos, como a aplicação do FURADAN em goiabeiras, é um nematicida/inseticida registrado em várias formulações para inúmeras culturas de importância econômica. Com ingrediente ativo de amplo espectro, altamente eficaz no controle de nematóides e outras pragas de difícil controle. Registrado como nematicida para 9 culturas. É o único nematicida registrado para todas as espécies de importância econômica nas culturas de cana, arroz, milho, batata, tomate, fumo e outras, mas não indicado para plantação de goiaba. Diz que a sociedade também é cúmplice, pois compartilha com as ideias desses produtores e que deveríamos ter um Campo demonstrativo, para apresentar as técnicas d um manejo limpo, sem agressão e trazer modelos de sucesso para nossa agricultura.

O prof. Paulo Campos (UFRPE), diz a culpa é nossa porque somos agentes passivos, nós sabemos dos problemas e, normalmente, nada fazemos. Conceituou Agroecologia e que esta defende técnicas e formas de cultivo em harmonia com o Meio Ambiente. “O caminho mais curto é a Educação”, existem vários programas que apoiam a Educação no Campo como o PRONACAMPO que, de acordo com o MEC, tem como objetivo apoiar técnico e financeiramente os Estados, Distrito Federal e Municípios para a implementação da política de educação do campo, visando à ampliação do acesso e a qualificação da oferta da educação básica e superior, por meio de ações para a melhoria da infraestrutura das redes públicas de ensino, a formação inicial e continuada de professores, a produção e a disponibilização de material específico aos estudantes do campo e quilombola, em todas as etapas e modalidades de ensino. Suas ações são voltadas ao acesso e a permanência na escola, à aprendizagem e à valorização do universo cultural das populações do campo, sendo estruturado em quatro eixos: Gestão e Práticas Pedagógicas – Formação Inicial e Continuada de Professores - Educação de Jovens e Adultos e Educação Profissional - Infraestrutura Física e Tecnológica. Também fez críticas à ineficiência na coleta das embalagens de produtos tóxicos utilizados na agricultura local.

A vereadora Dona Santa embasou o que falou o prof. Paulo Campos ao dizer que, com o surgimento de novas necessidades, deve-se urgentemente, discutir estratégias pedagógicas dentro das instituições educacionais.

A profª Niedja Batista, da Escola Municipal 7 de Setembro explanou sobre como se dá o processo de destinação das embalagens dos agrotóxicos. Fez uma rápida revisão nas leis e descreveu pontos que não estão sendo respeitados e como a observância dessas leis podem ser benéficas à toda sociedade, seja ela rural ou urbana.

Assim como disse o vereador Silvio Rogério, o engenheiro agrônomo Everson, também da ARBio propôs um projeto piloto para demonstrar técnicas sustentáveis na utilização dos recursos na agricultura, “pode ser realizado inclusive numa escola como a Escola Agrícola”. Outro grave problema que deve ser imediatamente tratado é a falta de assistência técnica responsável por regular o uso de agrotóxicos e voltadas para manejos limpos, utilização de tecnologias e biotecnologias no setor, podendo, por exemplo, criar modelos de depósitos mais eficientes e seguros.

Ficou marcado mais um encontro para 16 de janeiro de 2014 para aprofundar a discussão sobre o modelo agrícola de Petrolândia, quando também deve ser marcado um seminário para formulação de documento de possam auxiliar os trabalhos nesta mudança em busca de um caminho para a descoberta e incorporação de soluções biológicas viabilizadoras de uma agricultura mais sustentável.

Para ver mais fotos, clique aqui>Reunião Agricultura Sustentável - 05/12/13

George Novaes para Blog de Assis Ramalho
Fotos: Assis Ramalho

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