O Cbers-3, como é chamado, vai retomar o registro de imagens feito em parceria com a China. Ele vai abastecer o banco de dados para acadêmicos, órgãos de pesquisa e cidadãos comuns. De acordo com o coordenador do segmento de aplicações do projeto, José Carlos Neves Epiphânio, a principal vantagem dos investimentos em pesquisa espacial é a diversidade de benefícios.
“O legal é que essas imagens estarão gratuitas na rede e poderão ser pesquisadas por uma ONG que deseja produzir algum trabalho, pelo órgão ambiental que quer investigar ações de impacto no meio ambiente, pelo estudante da universidade e por quem trabalha na área”, explica.
Epiphânio cita algumas instituições que utilizam as fotos tiradas pelo Cbers e outros satélites (por meio de acordo do Brasil com outros países), como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
O número total, porém, é bem maior. Segundo Epiphânio, mais de 30 mil usuários individuais e mais de 3 mil instituições utilizam o mecanismo de busca do Inpe. “Não há nenhuma instituição brasileira que precise fazer uso de imagens de satélite e não seja usuária do Cbers, dos anteriores e agora do Cbers-3”, revela, explicando que todas as universidades, centros de pesquisa e até o Judiciário acessam o sistema.
De acordo com Ephipânio, a disponibilização gratuita foi pioneira no Brasil e pode ser feita pela internet. “Isso causou uma certa revolução, porque, até então todos os satélites eram pagos. Hoje, isso se tornou padrão mundial para essa classe de satélites”.
Para o coordenador do Inpe, o ensino básico também pode ser beneficiado. “A professora pode baixar imagens para a aula. Uma coisa é você mostrar o desmatamento, outra é mostrar antes e depois, isso marca o aluno. Também pode mostrar a diferença entre vegetação do Cerrado e da Amazônia, por exemplo, ou como certas regiões são adensadas”, diz o pesquisador.
O Cbers-2B deixou de funcionar em 2010 e só agora o Brasil voltará a monitorar as imagens na especialidade de sensoriamento remoto. Epiphânio explica, porém, que os acordos com outros países permitiram manter atualizados os dados e o abastecimento das imagens.
Com novas câmeras, o Cbers-3 poderá monitorar, por exemplo, o avanço de plantações para além do mínimo exigido, próximo de cursos d'água. “Haverá também um melhor gerenciamento das águas de represas, para ver se não estão removendo o solo na beira das represas, porque a areia pode entrar na turbina e diminuir seu tempo de vida útil, gerando mais manutenção e conta de luz mais cara para nós”, imagina Epiphânio.
O envio das imagens é possível graças a receptores instalados no Brasil e na China, que processam os dados e os transformam novamente em fotografias prontas para os estudos. Em 2007, foi lançado o Cbers for Africa, para que países em desenvolvimento se beneficiassem dos dados dos satélites. A África do Sul já possui a estrutura para receber as imagens.
Segundo Epiphânio, os outros países poderão receber informações sobre seus territórios por meio do gravador de bordo do satélite, que armazena as fotografias e depois as envia para os receptores brasileiro e chineses. O lançamento do Cbers-3 está previsto para 1h26 de segunda-feira, horário de Brasília, na base de lançamento de Taiyuan, capital da província chinesa de Shanxi, na região central da China.
Agência Brasil
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