Os números são expressivos: US$ 16 bilhões de faturamento ao ano, cerca de 30% das exportações da Bahia, mais de 45 mil funcionários, entre diretos (15 mil) e terceirizados, e a responsabilidade de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) da Bahia. Os desafios, também: aumentar a quantidade de empregos, a produção de bens de consumo, diversificar as indústrias, distribuir a arrecadação para a região e qualificar os profissionais locais para atuarem na indústria.
"Antes dos anos 70, a Bahia e Camaçari [cidade que abriga o Polo] eram basicamente agrários. O município, na época, era muito pequeno, e vivia apenas da agricultura e do cultivo da produção que saía pela ferrovia, transportando produtos agrícolas para o estado. Em 78, o panorama econômico e social começa a mudar. A cidade que na década de 40 tinha 11 mil habitantes, em 70 já chegava aos 30 mil. Foi um crescimento rápido e absurdo, com 173% de crescimento populacional em 10 anos", explica o secretário de Desenvovimento de Camaçari, Djalma Machado.
Passados os 35 anos, Camaçari cesceu e hoje tem uma das cinco maiores populações do estado, com cerca de 275,5 mil pessoas em 2013. Se por um lado o equipamento, hoje com 90 empresas, trouxe oportunidades de emprego e renda para o estado, por outro o município viveu uma expansão "desordenada", como explica Machado.
"Foi um fluxo migratório muito grande, e isso causa problemas. Além disso, depois do polo, tivemos a crise do petróleo, abertura do mercado e estagnação na época. As empresas tiveram que trabalhar na reengenharia para se tornar competitivas a nível mundial, algumas até fecharam", acredita o gestor.
Segundo Marcelo Cerqueira, presidente do Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic) e vice-presidente da Braskem, até 2016 cerca de US$ 6,2 bilhões (pouco mais de R$ 12 bilhões) serão investidos no equipamento com a chegada de novas empresas e investimentos em novas tecnologias, meio ambiente e saúde. A Cofic estima que sejam criadas 17 mil novas vagas de emprego no Polo até o ano de 2015.
Para o secretário Djalma Machado, as vagas de empregos podem chegar a 30 mil. "A Cofic fala em 17 mil vagas, mas eu trabalho com até 30 mil, somando o polo e o entorno de Camaçari. O município acaba de inaugurar um shopping, há outro em processo de finalização, e investimentos nesse sentido devem trazer mais 13 mil empregos para a região", acredita.
No entanto, segundo o secretário, deve existir um esforço conjunto de, ao mesmo tempo em que sejam laçadas empresas, invista-se em centros de desenvolvimento e treinamento de mão-de-obra, assim como investimentos no município. "Já existe, em partes, mas queremos que as empresas venham não só com industrialização, mas também com centro de desenvolvimento e pesquisa, cada vez mais acolha a relação com a cidade, que abrace os problemas sociais, que dividam conosco a responsabilidade", diz. "Quando você tem crescimento pujante, você traz muitas pessoas em busca de oportunidade, principalmente do Nordeste e, às vezes não tem qualificação adequadada. Precisamos atentar para isso", pontua Djalma.
Para Maurício Jansen Klajman, diretor do Sindquímica, entidade que representa os trabalhadores, é perceptível um novo caminho que toma o polo na última década, com o incremento de indústrias fora do eixo petroleiro ou químico. Porém, essa mudança de perfil requer também a mudança no olhar para o trabalhador.
"O polo foi criado em um programa de participação, com empresas do estado e privadas. Com o passar dos anos e com a crise do petróleo, empresas nacionais começam a morrer. A partir daí elas se unem e estabelecem o que chamamos de monopólio, grandes grupos comandando as empresas. Isso fez com que o poder de negociação do trabalhador fosse enfraquecido, principalmente porque as decisões não são feitas mais no polo, mas em suas matrizes no sudeste ou em outros países. Isso enfraquece o poder do trabalhador", acredita.
Ainda segundo o sidicalista, o grande número de terceirizados (são 30 mil, contra 15 mil trabalhadores diretos), traz um outro problema que ainda deve ser repensado. "Há mudança de perfil do trabalhador. Ele foi terceirizado, passa a ter sua relação de trabalho muito frágil. Isso não permite que ele amplie a luta no dia-a-dia. Foram formados dois mundos, dos efetivos e dos que não são. Esse pessoal [terceirizado] tem, muitas vezes, o transporte pior, por exemplo, as condições em geral são piores. Porque as grandes empresas adquirem um modelo de que a mão de obra final é da empresa e o que não é fica destinado a outras entidades, que muitas vezes não seguem o mesmo padrão das matrizes", opina. Segundo o diretor, salários menores e "até a qualidade da comida desses trabalhadores é menor, às vezes. São dois mundos completamente diferentes", diz.
"Estamos otimistas com novos investimentos, achamos válido, mas queremos fazer mais parte. Não queremos só 'bater', reclamar, mas queremos estar perto e propor soluções, também. Todos têm a ganhar", acredita o diretor.
Com informações do G1 Bahia Indústria
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