Lavagem a seco: economia vai além de litros de água

Solidificado no exterior, o mercado de produtos ecologicamente corretos vem ganhando espaço em Pernambuco com produtos para roupas, carros e até móveis. E a economia não é só em litros d'água

Em Petrolândia, você tem a JK Lavagem a seco

Você sabe quantos litros de água, em média, gasta-se para lavar um único carro? Cerca de 300 litros descem ralo abaixo, a cada lavagem. É muita água. Em tempos de estiagem prolongada, o líquido torna-se um bem ainda mais precioso. Aliada ao aumento da população e ao consumo nos grandes centros urbanos, o uso sustentável deste recurso é cada vez mais necessário. É aí que entra em cena o mercado de produtos e serviços ecológicos. Roupas, carros, sofás - hoje, é possível deixar tudo limpo sem gastar um pingo de água.

No Recife, a proposta de utilizar outros produtos em substituição à água vem ganhando espaço frente aos lava-jatos tradicionais. Única rede franqueadora do Nordeste e maior de Pernambuco, a Dryjet adotou um sistema que utiliza cera líquida como agente de limpeza. “Ela possui componentes sustentáveis e remove facilmente a sujeira sem danificar ou arranhar a pintura. Por veículo, usamos cerca de 200 ml do produto e a limpeza é total”, garante Alexandre Valença, 29, que abriu a empresa com o sócio Max Abage. “Sem a água do método tradicional, não geramos esgoto, pois a sujeira é retirada com até seis flanelas que, após lavadas, podem ser usadas por até seis meses”, comenta ele, que diz não ter ralo nem torneiras em seu lava-jato.

Atualmente, não há no Brasil um órgão que ofereça estatísticas oficiais sobre o consumo e a oferta de serviços ecológicos. Sabe-se, no entanto, que a limpeza “a seco”, popular em países como os Estados Unidos, tem crescido de forma rápida nas principais regiões do país, como Sul, Sudeste e Nordeste. Tanto que também cresceu o número de microempresas verdes que buscam crédito dispostas a expandir os negócios e estimular a sustentabilidade.

Uma pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) realizada com 3,9 mil empresários apontou que 79% têm consciência de que adotar medidas de preservação ambiental atrai mais clientes e 46% encaram a sustentabilidade como fonte de rendimentos. São dois os tipos de crédito para economia verde: de investimento para montagem de uma fábrica, por exemplo, e inovação. Caixa Econômica, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Itaú, Bradesco e HSBC são algumas dos bancos que disponibilizam o crédito verde.

Lavanderia com nova roupagem


Outro produto que chegou em Pernambuco recentemente é a WashBall Biocera, uma esfera feita de material plástico, flexível e reciclável que, segundo seu importador, pode substituir o sabão em pó e diminuir a geração de poluentes a cada lavagem. No seu interior há pequenas esferas de cerâmica, compostas de óxido de alumínio, dióxido de silício, óxido de magnésio, óxido de potássio, óxido de ferro, óxido de sódio e zircônia. Em contato com a água, as bolinhas, segundo a empresa, geram íons negativos que aumentam a penetração da água no tecido e ajudam a sujeira a largar da roupa.

Cada bola pode lavar até sete quilos de roupa por vez, segundo o fabricante. Em máquinas com maior capacidade, pode-se utilizar duas ou mais bolas. Cada WashBall Biocera, que custa R$ 99, pode ser usada até 1,1 mil vezes. Fazendo as contas, para um consumidor que gasta em média R$ 35 mensais com sabão em pó e amaciante, a economia, em três anos, variaria de R$ 700 a R$ 1,6 mil (a depender da marca de sabão utilizado).

“Nosso foco é o público que busca reduzir os impactos ambientais e queremos mostrar que uma pequena mudança no comportamento faz uma grande diferença na redução do despejo de resíduos no meio ambiente, além da economia para o bolso”, destaca Adriano Silva, empresário pernambucano que trouxe a WashBall para o Brasil. Segundo ele, o retorno do investimento na compra do produto é 100% pago em três meses e o consumidor poderá lavar roupas por mais dois anos e nove meses sem nenhum custo.

Diario de Pernambuco