"O Brasil precisa de ações propositivas e estruturantes para diminuir a emissão de gases que provocam o efeito estuda. Eu vou sofrer um pouco com as mudanças assim como alguns produtores, mas quem vai sofrer mais com os eventos mais extremos será a população desassistida", disse Assad.
A reportagem é de Rodrigo Pedroso e publicada pelo jornal Valor, 10-09-2013.
Assad também apresentou dados mostrando que bacias de rios serão afetadas no futuro pelo aumento da temperatura. A estimativa média para as bacias de todos os rios do Norte e do Nordeste do país é de redução de 20% no volume de água. "A maior dúvida é onde vai chover mais, onde vai chover menos. A incerteza em cima dos recursos hídricos é grande", disse Assad.
No Norte, Nordeste e Centro-Oeste, com um regime de chuvas mais seco, a tendência é de diminuição do volume dos rios. No Sul e Sudeste, o índice pluviométrico deve aumentar. A bacia Paraná-Prata terá aumento de 40% no volume de água. "Precisa ser rediscutida a avaliação de políticas públicas no país com esses dados novos. Estamos começando a ver coisas mais claras do que víamos há 10 anos", afirmou Assad.
As políticas públicas também precisam considerar que, até agora, o impacto das ações do homem sobre o território brasileiro provocou situações distintas. Na média, um terço do território brasileiro foi modificado em relação a sua formação original. A fatia que sofreu modificação pela ação humana, contudo, é desigual, de acordo com a professora da UNB, Mercedes Bustamante. A maior parte do território "intocado" está no bioma amazônico.
A Amazônia, segundo levantamento mostrado pela professora, teve 15% de seu território original modificado.
A Mata Atlântica, que possui maior densidade populacional, teve 88% de sua cobertura vegetal nativa transformada de alguma forma.
O Pantanal e os Pampas foram modificados em 15% e 59%, respectivamente.
A Caatinga, no Nordeste, teve 44% da vegetação modificada. O bioma é o que precisa ser mais conservado atualmente, segundo Mercedes. "A restauração da Caatinga produz um dos impactos mais profundos para tratar do problema de escassez de água do semi-árido", diz.
As políticas públicas, para serem eficientes, precisam contemplar o setor privado, defendeu a professora. "Se não inserirmos o gestor privado ou agrícola no controle territorial, não conseguiremos muita coisa em termos de conservação e diminuição de impactos climáticos. No Brasil, hoje, a maior parte da terra está em mãos privadas", disse.
Fonte: IHU Online
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