Transposição do São Francisco - Foto: Júnior Vilela |
A intervenção transformou o semiárido num terreno fértil para o surgimento de novos negócios, geração de emprego, renda e até mesmo fomento à pesquisa sobre a biodiversidade da caatinga. A partir desse cenário de oportunidades, profissionais de vários estados têm adotado o sertão como segunda casa e ajudado a desenvolver uma região castigada pelo clima.
Salgueiro é a cidade que melhor representa os novos tempos dentro do Projeto de Integração do Rio São Francisco. Depois do início das obras do rio e da ferrovia Transnordestina, o município atraiu empreendimentos e deu um relevante salto de desenvolvimento.
Um indicador que comprova essa evolução é o ranking FIRJAN, que mede índices de emprego, renda, educação e saúde nas cidades. Em 2009, o estudo colocava Salgueiro na 61ª posição entre os municípios pernambucanos. No ano passado, despontou como o terceiro mais desenvolvido, atrás somente de Recife e de Ipojuca (base do Complexo Industrial e Portuário de Suape).
Um dos profissionais que decidiu aproveitar o bom momento da cidade é o jornalista Wherbert Araújo. Ele migrou da distante Pedro Afonso, no Tocantins, para atuar nos programas socioambientais com três etnias indígenas beneficiárias do Projeto São Francisco. “Quando eu cheguei não esperava tanto desenvolvimento no meio do sertão”, disse Wherbhert.
Os canteiros das obras têm garantido a possibilidade de mudança na vida dos moradores do semiárido, antes mesmo da água chegar. O motorista Edicarlos dos Santos foi uma das pessoas diretamente beneficiadas. Por ter um terreno no traçado das obras, ele foi reassentado em uma casa com área irrigável na Vila de Produção Rural (VPR), construída pelo Projeto em Salgueiro. Edicarlos conseguiu um emprego no setor de transportes na transposição. “Estava desempregado e com medo de perder meu terreno. Estou aguardando a obra terminar para ter meu próprio roçado irrigado”, comemora. O lote irrigado faz parte da indenização recebida pelo reassentamento.
Em Petrolina, o senso de oportunidade se mostra no campo da pesquisa com os investimentos desenvolvidos em estudos sobre o bioma caatinga. No Centro de Conservação e Manejo da Fauna da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) atuam diariamente 20 biólogos de diferentes estados. Eles pesquisam os hábitos da fauna da região. “A caatinga era um bioma negligenciado. Temos uma grande oportunidade para coleta de dados sobre a biodiversidade local”, ressalta Nicholas Kaminski, biólogo curitibano que estuda as aves da caatinga.
Com a aceleração das obras e abertura de novas frentes de trabalho, a expectativa é de que essas oportunidades no sertão sejam expandidas para outras áreas. Até outubro, o projeto elevará o patamar de trabalhadores mobilizados de 5,8 mil para 8 mil homens. “Esta é a maior obra de infraestrutura hídrica do país. Por sua dimensão, tem impacto direto na vida das pessoas e está transformando a realidade do sertão nordestino, sobretudo gerando emprego e renda”, afirma o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho.
Para Bezerra Coelho, outro aspecto importante do empreendimento se refere à questão socioambiental. “São grandes extensões de obra e isso exige do Governo atenção especial. Por isso, mais de R$ 1 bilhão do valor total do projeto está sendo investindo em ações socioambientais de compensação. São projetos para proteção da fauna e flora e para preservação de achados arqueológicos, por exemplo. Estamos investindo também em saneamento básico, auxiliando os municípios na elaboração de seus planos diretores. Temos ainda diversos projetos para as comunidades indígenas, quilombolas e assentados atingidos pelas obras. Enfim, é um grande empreendimento que dialoga com os interesses da população impactada”, pontua o ministro.
Assessoria de Comunicação Social do Ministério da Integração Nacional
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