Pouco mais de uma hora e meia antes do jogo, manifestantes passaram a se concentrar nas imediações da estação São Cristóvão do metrô, perto de uma das vias usadas pelos torcedores para ter acesso ao local da partida.
Estima-se que o grupo continha ao menos 500 pessoas, embora a PM ainda não tenha divulgado uma contagem oficial.
A reportagem é da BBC Brasil, 16-06-2013.
Gritando palavras de ordem e entoando canções de bandas como Legião Urbana e o Hino Nacional, centenas de manifestantes seguravam cartazes criticando os recursos utilizados na organização da Copa da Mundo e cobravam mais investimentos em saúde e educação, além de se colocarem contra o aumento nas tarifas de ônibus no Rio de Janeiro e outras cidades do país.
"Estamos protestando contra o aumento das passagens, o aumento do custo de vida, o descaso com a educação e a saúde e a corrupção", disse o professor de Geografia Luiz Filipe Lima Costa, que ajudava a organizar os manifestantes.
De acordo com Costa, o protesto seria pacífico e apartidário, sendo convocado por meio de redes sociais como o Facebook, Google + e o Orkut.
Acesso
Enquanto se concentravam nas proximidades da estação do metrô, os manifestantes negociavam com homens da Polícia Militar a possibilidade de o protesto se aproximar do estádio. O acesso à via usada para chegar ao Maracanã, no entanto, só estava liberado para pessoas credenciadas ou que portassem ingressos para o jogo.
"Nós fizemos um ofício para o batalhão responsável pela área do Maracanã avisando que nós iríamos fazer uma manifestação e a gente solicitou a ajuda deles para a organização, mas agora eles estão dizendo que nós não podemos chegar perto (do estádio)", disse o manifestante Cauê Maia, estudante da Administração na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
Os manifestantes permaneceram por cerca de uma hora nas proximidades da entrada da via de acesso ao estádio. A reportagem da BBC Brasil não testemunhou cenas de vandalismo ou violência por parte dos manifestantes. Alguns torcedores, no entanto, foram xingados por uma pessoa que participava dos protestos.
Dispersão
Impedidos de prosseguir pela via usada pelos torcedores até o Maracanã, o grupo de manifestantes atravessou a avenida Radial Oeste, que foi bloqueada por alguns minutos, e tentou chegar ao estádio por duas outras vias, sendo impedidos, no entanto, por homens da tropa de choque da PM e da Força Nacional.
Por volta de 15h30, a polícia passou a usar bombas de efeito moral e bombas de gás para dispersar os manifestantes, que correram ao longo da Radial Oeste e se refugiaram em ruas próximas.
Durante a operação, a reportagem da BBC Brasil conversou com uma pessoa que afirmou ter sido atingida por um projétil. O estudante do ensino médio Mauricio Peres da Costa, morador da comunidade da Rocinha, atribuía um ferimento na barriga à ação da polícia. Ele foi ajudado por moradores do entorno do Macanã.
"Estou cheio desse governo repleto de corrupção e ladrões. Não são apenas R$ 0,20 (em alusão ao aumento da tarifa de ônibus), é inflação, corrupção", disse.
De acordo com o tenente-coronel Ronal Santana, que comandava parte das operações, a ação foi colocada em prática porque os manifestantes estavam dificultando o acesso dos torcedores com ingressos ao estádio. "Havia um fluxo de pessoas com ingressos que precisavam entrar. Tivemos que conter as pessoas sem ingressos para permitir que elas entrassem", disse à BBC Brasil.
Protestos
Após a ação da polícia, os manifestantes se espalharam pela região. Alguns seguiram para o parque Quinta da Boa Vista, onde a PM também teria usado bombas de efeito moral.
Nas ruas próximas ao estádio, a BBC Brasil presenciou pelo menos duas pessoas sendo detidas pela polícia. Até o fechamento desta reportagem, no entanto, não foi possível obter contato com a assessoria de imprensa da Polícia Militar para confirmar o número total de detidos e se houve feridos durante a ação.
Perto do final do jogo, cerca de cem manifestantes conseguiu se aproximar do estádio, concentrado-se em frente à estátua de Bellini, capitão da seleção brasileira na Copa de 1962.
O grupo, que gritava palavras de ordem enquanto os torcedores saíam, era apenas observado pela tropa de choque. Segundo o tenente-coronel Ronal Santana, eles não seriam retirados de lá pois estavam em uma via que já estava interditada.
Outro grupo concentrou-se novamente nas proximidades da estação de metrô São Cristóvão, perto da saída dos torcedores e vigiados por homens do choque e da polícia montada.
Apesar dos confrontos, torcedores com quem a BBC Brasil conversou disseram não ter sido afetados pelos protestos. "Nos divertimos muito, não afetou nossa experiência", disse o turista mexicano Gabriel Moreno, que, com sua família, visita o Brasil pela primeira vez. "Só não entendi porque há tanta polícia, até comentei com minha esposa", disse.
Fonte: IHU - Instituto Humanitas Unisinos
Foto: Extra Globo
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