quarta-feira, maio 08, 2013

Relatório da NASA conclui que mudanças climáticas aumentarão chuvas intensas e secas prolongadas

 No Hemisfério Sul, as secas provavelmente se tornarão mais severas  no sul da África, no noroeste da Austrália, na costa da América Central e no nordeste brasileiro.
Novo relatório da agência norte-americana sugere que nosso planeta deverá enfrentar mais extremos climáticos; regiões temperadas apresentarão mais secas no futuro, enquanto trópicos deverão passar por mais enchentes.

A reportagem é de Jéssica Lipinski e publicada pelo Instituto CarbonoBrasil, 07-05-2013.

Nesta semana, mais uma pesquisa apresentada vem para reforçar a relação entre as mudanças climáticas e o aumento na frequência de eventos extremos. Desta vez, a análise publicada foi desenvolvida pela Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço, a NASA, um dos centros que mais tem contribuído para o estudo das ciências climáticas nos últimos tempos.

Segundo o relatório da agência, as mudanças climáticas irão aumentar as chuvas de maior intensidade em certas regiões do planeta, enquanto que em outras são as secas que se tornarão mais intensas. O documento aponta que as chuvas tenderão a aumentar nos trópicos, e as regiões temperadas devem vivenciar secas mais severas.

Embora outros estudos anteriores já indicassem a relação entre as mudanças climáticas e os eventos extremos, a pesquisa da NASA é a primeira a mostrar como as emissões de dióxido de carbono afetam os diferentes padrões de precipitação existentes, das regiões mais secas àquelas que vivenciam tempestades torrenciais.

De acordo com a análise, as mudanças climáticas devem aumentar a precipitação nas regiões que já apresentam altos padrões de chuva porque o ar mais quente deverá reter mais umidade. Entretanto, nos locais mais secos, o aumento das temperaturas significará períodos mais longos em chuva.

Colocando em números, para cada grau Fahrenheit (0,55 graus Celsius) de aumento na temperatura média global, as chuvas extremas aumentarão em 3,9%, enquanto as chuvas leves aumentarão 1%.

Entretanto, estima-se que o total global de precipitação não deva mudar muito, porque as chuvas moderadas devem diminuir 1,4%. Em se tratando das regiões de seca, os modelos preveem que para cada grau Fahrenheit de aquecimento a duração de períodos sem chuva aumentará em 2,6%.

No Hemisfério Norte, as áreas que provavelmente serão mais afetadas são os desertos e zonas áridas do sudoeste dos Estados Unidos, o México, o norte da África, o Oriente Médio, o Paquistão e o noroeste da China. No Hemisfério Sul, as secas provavelmente se tornarão mais severas no sul da África, no noroeste da Austrália, na costa da América Central e no nordeste brasileiro.

“Em resposta ao aquecimento induzido pelo dióxido de carbono, o ciclo hídrico global sofrerá uma competição gigantesca por umidade, resultando em um padrão global de aumento das chuvas extremas, diminuição das chuvas moderadas, e secas prolongadas em certas regiões”, colocou William Lau, principal autor do Centro Goddard de Voos Espaciais da NASA.

Lau explicou, no entanto, que as secas devem afetar mais a população mundial do que as chuvas extremas, já que estas últimas devem ocorrem principalmente em áreas acima dos oceanos.

“Grandes mudanças nas precipitações moderadas, assim como eventos prolongados sem chuva, podem ter um grande impacto na sociedade porque eles ocorrem em regiões onde a maioria das pessoas vive. Ironicamente, as regiões de chuvas mais pesadas, exceto pela [região] da monção asiática, podem ter menor impacto na sociedade, porque geralmente ocorrem sobre o oceano”, comentou.

A análise dos cientistas da NASA se baseou na observação de 14 modelos climáticos que simularam períodos de 140 anos. As simulações começaram com concentrações de dióxido de carbono de cerca de 280 partes por milhão (PPM), similares aos níveis pré-industriais, e foram aumentadas em 1% ao ano. A taxa de aumento é semelhante à observada atualmente pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU (IPCC).

Através da observação dos resultados dos modelos, os pesquisadores concluíram que, embora os modelos não especifiquem precisamente quanto de precipitação haverá em uma determinada localidade, eles de fato podem apontar a tendência de precipitação para as regiões.

“Se observarmos todo o espectro dos tipos de precipitação, vemos que todos os modelos concordam de uma maneira muito fundamental – projetando mais chuvas pesadas, menos eventos de chuvas moderadas e secas prolongadas”, concluiu Lau.

Fonte: Instituto CarbonoBrasil em IHU-Instituto Humanitas Unisinos

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