Assis Ramalho e o mestre Magno Martins
(Foto: Júnior Finfa)
Não é novidade para nenhum dos leitores do Blog de Assis Ramalho a minha admiração pessoal pelo grande jornalista e o melhor blogueiro político do Nordeste, Magno Martins. Magno Martins, um dos grandes incentivadores para a criação do Blog de Assis Ramalho, escreveu nesta quinta-feira (20) uma crônica sobre o tão comentado "fim do mundo". Por oportuno e pela beleza do texto, faço questão de postá-lo na íntegra para os nossos queridos leitores. Escreveu o mestre Magno Martins no seu Blog:
Aqui, dou meu adeus aos leitores! Fiz de tudo para manter o blog até o último dia de minha vida, mas estou me rendendo aos maias. Comemoremos, hoje, o último dia terrestre!
Que possamos tomar o melhor vinho! E já degustei no almoço. Que possamos ouvir as melhores músicas que soam suavemente em nossos ouvidos. Já ouvi Beethoven, Fagner, Maria Gadu, Maria Bethânia, Maria Dapaz, Dolores Duran e Roberta Miranda, minha preferida nas horas de dor de cotovelo.
Já fiz de tudo, hoje, que gosto na vida: beijei meu filho Magno Martins Filho, liguei para meus pais Gastão e Margarida, meus xodós, sapequei um beijo em Aline, andei na Jaqueira de manhã contemplando o sol e o verde do Recife.
Li Rubem Alves, refleti os conselhos de Maquiavel, reli os Provérbios e comi uma costela de bode.
O que me resta mais? Pegar a estrada para o Sertão, minha pátria amada. Mas será que terei tempo? São 400 km que separam os estúdios do Frente a Frente, onde estou, para Afogados da Ingazeira, onde vim ao mundo.
Restam mais coisas. Gostaria de ser arrebatado, amanhã, escrevendo a última crônica. O místico Ângelus Silésius já havia notado que temos dois olhos, cada um deles vendo mundos diferentes:
'Temos dois olhos. Com um, vemos as coisas do tempo, efêmeras, que desaparecem. Com o outro, vemos as coisas da alma, eternas, que permanecem'.
É exatamente por isso que precisamos dos dois olhos. Pela janela de um, vemos as coisas que passam, que nos fazem vaidosos, narcisistas, com um desejo voraz de brilhar continuamente e de abandonar, quando o nosso brilho já não é mais o mesmo.
Pela fresta do outro, vemos o inacessível, uma certa substância que fere e nos torna cegos, até para as coisas da alma. Um não vive sem outro, por isso é vida.
Quando um se tornar independente do outro, nos separamos da matéria, da carcaça e quem sabe, encontraremos aquilo que chamamos alma".
Da Redação do Blog de Assis Ramalho
Do Blog do Magno Martins (www.blogdomagno.com.br)
Do Blog do Magno Martins (www.blogdomagno.com.br)
Foto: Júnior Finfa para o programa "Acordando com as Notícias", de Assis Ramalho