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Edvan Osmino (Bambam Passos) |
No início dos anos 2000, um jovem enviou carta para o programa de esportes que eu, Assis Ramalho apresentava na extinta Rádio Eldorado do Vale, de Petrolândia. O rapaz dizia que tinha um sonho: ser locutor, ou melhor, narrador de futebol. Na época, a Eldorado fazia transmissões ao vivo de jogos realizados em outras cidades, para onde Assis Ramalho e Rutemberg Oliveira (Berg) se dirigiam e, para narrar, era convidado o locutor Tony Filho, de Paulo Afonso (BA).
Acreditando e apostando como sempre fiz no potencial dos filhos de Petrolândia, o jovem foi convidado por mim e acompanhou nossa equipe em algumas coberturas de jogos se destacando na função de narrador. O nome do rapaz a quem me refiro é Bambam Passos.
Mas o destino quase sempre leva nossos passos aonde em nossos sonhos não imaginamos. Atualmente, Edivan Osmino (nome verdadeiro do Bambam Passos) trabalha em Angola, na África, não mais como narrador esportivo e sim como
operador de motoniveladora.
Leia abaixo o depoimento do petrolandense que trabalha numa construtora brasileira, prestando serviços em Angola enviado para o
Blog de Assis Ramalho.
"Olá, meu caro amigo Assis. Estou trabalhando na empresa Queiroz Galvão (construtora), aqui em Angola. Minha função é operador de motoniveladora, ou seja, patrol. Estou vivendo atualmente na cidade de Quibala, no Kwanza, sul do país. Faço parte da equipe da terraplenagem. Estamos construindo estradas, ligando cidades atingidas pela guerra civil. A obra em que estou trabalhando irá ligar Quibala a São Pedro da Quilemba. São mais de 100 Km de estradas. Por que aceitei trabalhar aqui, na função de operador? Em geral, posso dizer que é um sonho da maioria trabalhar em Angola, pois as empresas oferecem um bom salário, com o qual podemos realizar alguns sonhos mais rapidamente, como comprar uma casa, um carro ou até montar seu próprio comércio. Aceitei trabalhar aqui não só pelo salário oferecido. Quero me aperfeiçoar cada vez mais na execução do meu trabalho, obter conhecimentos e experiência de vida. As condições oferecidas são as básicas: a empresa fornece alojamento, as três refeições diárias, além de água mineral para beber e escovar os dentes. Aqui todo cuidado é pouco. Corremos o risco diário de ficarmos doente. São muito comuns doenças como febre tifoide e malária. É preciso sempre tentar proteger o corpo com calça, camisa de manga compridas e usar sempre repelente. Temos que ter o máximo de higiene com os alimentos e não podemos comer nada que é vendido na rua. Só consumimos a comida fornecida pela empresa ou alguns biscoitos que compramos. Não temos lazer: é do trabalho para o alojamento. O nosso passatempo é o notebook, para falar com a família e os amigos. O que gosto de fazer é trabalhar, pois o tempo passa mais rápido para retornar ao Brasil. A cada cinco meses aqui, temos direito de passar quinze dias no Brasil. O que não me acostumei ainda foi com a culinária do país. Apesar de a empresa fornecer comida brasileira, não só eu, como os demais brasileiros, evitamos comer algumas coisas, como verduras, uma das principais fonte de bactérias. Tudo que comemos, ficamos de orelha em pé. Os brasileiros são separados dos angolanos. É cada um no seu lugar. O refeitório é separado, alojamento, o carro de ir para o trabalho, a fila de bater cartão... Eles se dão bem com os brasileiros, o problema são só os costumes de não tomar banho, preferir comer rato, cobra, cupim, entre outras coisas que se um brasileiro triscar fica doente. É isso, amigos, relatei um pouco da vida de um brasileiro aqui, em Angola. Um abraço a todos e se Deus permitir, estarei aí com vocês, no dia 22 de dezembro."
Agradecemos o relato do nosso amigo Edivan, o popular Bambam, e deixamos este espaço aberto para que outros petrolandenses, que trabalham distantes de nossa região, relatem suas experiências. Nosso e-mail é
assis.ramalholeal@gmail.com.
Da redação do Blog de Assis Ramalho
Fotos: Edivan Osmino (Facebook)