O crime brutal, que chocou os moradores de Petrolândia, aconteceu na noite de 24 de abril de 2011. Vanessa, uma jovem de apenas 24 anos foi covardemente assassinada e seu namorado só não morreu porque se fingiu de morto após ser atingido por um tiro.
O casal de namorados José Antonio Cavalcanti, 24 anos, e Maria Vanessa do Nascimento estavam namorando dentro de um carro na orla de Petrolândia, quando foram surpreendidos por três elementos armados. O casal foi rendido, amarrado, colocado na mala do veículo e levado para as proximidades de Nazaré, zona rural de Serra Talhada.
Os elementos fugiram do local no veículo de José Antonio. Na época, a Polícia executou a prisão de um suspeito, ex-namorado da vítima. Com o avanço das investigações, ficou provada a sua inocência.
Maria Vanessa do Nascimento |
A reportagem do Blog de Assis Ramalho entrevistou, nesta terça-feira(17), o Delegado de Polícia de Petrolândia, Dr. Roberto Fonseca.
Na entrevista, o delegado conta todos os detalhes das investigações que os levaram aos acusados. Acompanhe abaixo a entrevista, na íntegra:
Assis Ramalho: Dr. Roberto, sexta-feira (13), um ano e três meses depois do assassinato da Vanessa, a polícia prendeu dois suspeitos que foram Fabrício de Melo Silva e Kleberson Miranda, e ainda tem um outro suspeito foragido. Gostaria que o Dr. Roberto esclarecesse essas prisões do Caso Vanessa.
Delegado Roberto Fonseca: O Fabrício Melo e o seu primo, Kleberson Miranda, estão presos por força de mandado de prisão temporária, expedido pelo Juiz da Comarca de Petrolândia, haja vista que durante as investigações nós chegamos à autoria do crime em que foi vítima fatal Vanessa, que estava com o seu namorado Antônio Cavalcante, fato que ocorreu em abril do ano passado. E nós, quando assumimos esta delegacia (de Petrolândia), envidamos esforços nestas investigações, se utilizando de algumas ferramentas de investigação. Utilizei de todo o aparato dos nossos policiais, apesar de que nós tivemos uma pouca demora na elucidação deste crime, e eu até peço desculpas a algumas pessoas pela cobrança que houve em relação a isso, mas é que na delegacia não tinha só esse procedimento investigativo. Nós tínhamos outros procedimentos, outros inquéritos, nós cumprimos metas e nós temos outras obrigações. Mas nós tínhamos certeza que nós íamos chegar à elucidação deste fato, até porque, assim que eu comecei a fazer a leitura deste fato, eu já desconfiava de algumas situações que não seriam aquela em princípio apontada.
Assis Ramalho: Aquela em princípio apontada, Dr. Roberto Fonseca, é que a princípio, logo após o crime, surgiu um primeiro suspeito, que foi o Reginaldo. Depois através dos trabalhos que foram feitos sob o seu comando, ficou constatado que o Reginaldo não tinha culpa no caso?
Delegado Roberto Fonseca: É. Em princípio, na época, eu não estava aqui (no comando da delegacia de Petrolândia), mas eu tomei conhecimento que houve uma prisão onde apontavam algumas pessoas, inclusive nos autos do inquérito existe alguns indícios de que esse crime teria sido feito por paga, a mando. E por conta disso, houve essa prisão, algumas pessoas foram investigadas, mas no entanto quando a gente começou a fazer a leitura do que se tinha apurado, nós passamos então a observar outros caminhos que nos norteavam à identificação dos autores deste crime. Os autores (do crime) são esses e a motivação foi o roubo. E, em seguida à prática do roubo, essas pessoas decidiram, então, estuprar (Vanessa) e matar as vítimas.
Assis Ramalho: Agora, foi preciso um trabalho muito minucioso, com muita paciência pra chegar a esses dois (Fabrício e Kleberson), não foi Doutor?
Delegado Roberto Fonseca: É, haja vista que existem algumas evidências e essas evidências nós tivemos que começar a trabalhar em cima das confirmações delas. Nós tínhamos toda uma opinião pública em relação a este crime. Algumas pessoas, quando me perguntam como é que foi, quando a gente responde, ficam incrédulas. Mas nós tivemos o cuidado de investigar e entregar à Justiça o procedimento policial apontando os verdadeiros autores (do crime) e as reais motivações. Nós não iríamos fazer de forma açodada (precipitada), apontando A ou B, sem nenhuma prova contundente, uma prova concreta. Então tivemos um cuidado muito grande, e por conta disso foi muito estudado, foi muito investigado. Nós fizemos, refizemos, (eu) trouxe os policiais, discuti com eles, propus a eles o que eu via. Algumas vezes eles eram contrários aquilo ali, porque eles estavam inseridos no meio em que tinha uma motivação, e as provas, elas não chegavam a isso. As pessoas, que em princípio foram apontadas, foram de forma geral investigadas. Não só ele, como pessoas do ciclo da amizade dessa pessoa. Então nós tivemos o cuidado de fazer uma contraposição de diversas provas, até chegarmos à autoria. Nós fomos buscar, vamos dizer assim, uma agulha no palheiro. Nós tínhamos que encontrar, e -graças a Deus - nós encontramos.
Assis Ramalho: Esses dois (suspeitos) foram presos em Serra Talhada?
Kleberson e Fabrício |
Assis Ramalho: E agora, Doutor, depois da prisão do Fabrício e do Kleberson, a polícia ainda está a procura do Melke.
Delegado Roberto Fonseca: É, nós agora estamos a procura do Melken (Zendek Cícero Miranda Rodrigues). Nós já divulgamos a foto dele, vamos solicitar a divulgação no sistema do Disque Denúncia, a colocar no livro dos 100 mais procurados do Estado (de Pernambuco), haja vista a barbaridade do crime. Tendo sido Melken, talvez, o mentor, em princípio, do estupro e morte, haja vista que o seu próprio irmão aponta ele como o autor dos disparos que ceifaram com a vida de Vanessa e o disparo que feriu quase que mortalmente o Antônio Cavalcante.
Assis Ramalho: Dr. Roberto Fonseca, gostaria de agradecer (pela entrevista) e, ao mesmo tempo, parabenizar os trabalhos da polícia.
Delegado Roberto Fonseca: Eu só tenho a agradecer a sua atenção, a sua vinda aqui(na delegacia), obrigado. Agradecer aos policiais que trabalharam comigo, agradecer às pessoas que confiaram em nossos trabalhos. E e eu estou à disposição. Nós temos outros casos que vamos a começar a trabalhar. Continuamos trabalhando, temos outros objetivos, e solicitar a compreensão da população, que nos ajude no combate ao tráfico (de drogas), denunciando, porque nós estamos aqui para trabalhar. Muito obrigado.
Clique abaixo, e ouça a entrevista:
Reportagem: Assis Ramalho