Assis Ramalho em entrevista com Zé Lezin (foto: Marcelo Cross) |
Aproveitando a passagem do humorista Nairon Barreto, o popular Zé Lezin, por Petrolândia para realização de show na última quarta-feira (07), na casa de Show Velho Chico, a reportagem do Blog de Assis Ramalho fez entrevista exclusiva com o artista.
Zé Lezin, como Nairon prefere ser chamado, é formado em Comunicação Social e Direito pela Universidade
Federal da Paraíba. Especialista em piadas de matutos, começou a
carreira de humorista em um grupo de dança folclórica na UFPB, onde
recitava poesia de literatura de cordel e contava piadas. Após
apresentar-se em barzinhos e teatros, participou da Escolinha do
Professor Raimundo a partir de 1998, quando o programa foi transformado
em um quadro do Zorra Total, da Rede Globo. Na ocasião, alterou o nome
de seu personagem, de Zé Paraíba para Zé Lezin. Nairon atuou na
"Escolinha" durante seis anos. O humorista nasceu na cidade de Patos (PB).
Zé Lezin: Foto: Assis Ramalho |
Na entrevista concedida a Assis Ramalho, o humorista fala dos tempos da Escolinha do professor Raimundo e da amizade que fez com Chico Anysio, que, segundo ele, era um amigo e um irmão. Para Zé Lezin, se Chico Anysio tivesse nascido em outro país seria reconhecido como o maior humorista do mundo e teria superado Charles Chaplin.
''Se Chico tem sido humorista em outro país, com certeza tinha sido ovacionado como o melhor do mundo. Chaplin (Charles Chaplin) só tinha um personagem, que era o Carlito, e ficou conhecido no mundo todo. Chico Anysio tinha mais de duzentas personagens, era letrista, compositor, pintor. Enfim, Chico era tudo. Chico foi um presente que Papai do Céu deu ao povo brasileiro'', afirmou Zé Lezin.
Assis Ramalho e Zé Lezin (Foto: Marcelo Cross) |
Zé Lezin também lembra com saudades do restante da turma da Escolinha, que foi considerada por Chico Anysio como a mais unida entre as que foram formadas.
''Nessa época em que eu participei, eles me diziam que foi a turma em que houve mais interação entre os membros da Escolinha. Foi bom, porque a gente se tornou uma família. A gente quando ia almoçar, jantar, emendava as mesas. A gente só saía juntos. Então aquilo funcionava como uma família. Chico Anysio disse que aquela foi a turma mais unida que teve na formação da Escolinha, e eu fiquei feliz porque é bom demais a gente conhecer novas pessoas.''
Na entrevista Zé Lezin afirma que Chico Anysio apesar da fama, nunca quis ser estrela.
''Chico nunca quis ser estrela. E eu me tornei mais amigo de Chico porque, além de humorista, eu também sou redator. Então, quando apareciam as confusões de textos, disso ou daquilo, eu escrevia na hora, quebrava o galho, desenrolava, e ele sabia que podia contar comigo. Tanto é que eu disse a ele que, quando terminasse a Escolinha, eu queria voltar para o Nordeste. Depois, ainda fiquei um tempo no Zorra (Total), mas eu gosto mesmo é do Nordeste, principalmente por causa desse frio todo (risos).
Acompanhe abaixo, na íntegra, a entrevista concedida por Zé Lezin, à reportagem do Blog de Assis Ramalho:
Assis Ramalho: Zé
Lezin, é um prazer para Petrolândia receber você, que é, sem dúvida, uma fera do
humor não só do Nordeste como do Brasil e do mundo, para realizar este show, aqui
na cidade. E o melhor de tudo é que, neste exato momento que você chega aqui em
Petrolândia, começa a chover, coisa que não acontecia há muito tempo. Obrigado
por ter trazido o humor e a chuva para Petrolândia.
Assis Ramalho: Você trabalhou muito tempo com Chico
Anysio na Escolinha do Professor Raimundo, como analisa o humor antes e
depois da morte de Chico Anysio?
Zé Lezin: Ah, é uma
mudança muito grande! Os tempos vão passando e vai aumentando só a saudade. Eu
tenho Chico como meu amigo, meu irmão. Tanto é que eu prefiro não participar de
nenhum funeral, justamente para que a gente mantenha aquela ideia de que ainda
vai se encontrar com ele por aí. Chico foi um fenômeno. Se Chico tem sido
humorista em outro país, com certeza tinha sido ovacionado como o melhor do
mundo. Chaplin (Charles Chaplin) só tinha um personagem, que era o Carlito, e
ficou conhecido no mundo todo. Chico Anysio tinha mais de duzentas personagens,
era letrista, compositor, pintor. Enfim, Chico era tudo. Chico foi um presente
que Papai do Céu deu ao povo brasileiro e a história dele está escrita na Televisão brasileira.
Assis Ramalho: O que representou a "Escolinha do Professor
Raimundo" pra você?
Zé Lezin: Foi muito
bom. Já pensou você contracenar com os seus ídolos e ainda receber uma grana
por isso? Foi bacana, foi um prazer
enorme. Eu conheci Chico, me tornei amigo e irmão dele. E isso foi excelente.
Também conheci outros artistas da Rede Globo com quem eu tive a oportunidade de
conviver no dia a dia. Então eu só tenho a agradecer, eu não tenho nada a
pedir. A minha carreira durante esses 25 anos foi muito boa.
Assis Ramalho: Como era a convivência com a turma da "Escolinha do Professor
Raimundo"? Lá só tinha fera, não é mesmo?
Zé Lezin: Olha, nesta época em que eu participei, eles me
diziam que foi a turma em que houve mais
interação entre os membros da Escolinha. Foi bom porque a gente se tornou uma
família. A gente quando ia almoçar, jantar, emendava as mesas. A gente só saía juntos. Então
aquilo funcionava como uma família. Chico Anysio disse que aquela foi a turma
mais unida que teve na formação da Escolinha, e eu fiquei feliz porque é bom
demais a gente conhecer novas pessoas.
Assis Ramalho: Como era o convívio de Chico Anysio com você? Ele tinha
o seu lado de estrelismo ou era uma
pessoa simples?
Zé Lezin: Chico nunca
quis ser estrela. E eu me tornei mais amigo de Chico porque, além de humorista, eu também sou redator. Então quando apareciam as confusões de textos, disso ou daquilo, eu escrevia na hora, quebrava o galho, desenrolava, e ele sabia que
podia contar comigo. Tanto é que eu
disse a ele que, quando terminasse a Escolinha, eu queria voltar para o Nordeste.
Depois, ainda fiquei um tempo no Zorra (Total), mas eu gosto mesmo é do Nordeste, principalmente por causa desse frio todo (risos).
Assis Ramalho: Por que você não quis continuar no programa "Zorra Total"? Faltou Chico Anysio?
Zé Lezin: Não. É porque
eu acho que tudo é fase na vida da gente. Passou a onda da televisão e agora eu
gosto de ir à televisão apenas esporadicamente porque, para eu ficar efetivo por
lá, eu teria que me mudar para o Rio de Janeiro, para São Paulo, e isso está fora
dos meus planos. Eu gosto do Nordeste, eu tenho as empresas que eu trabalho com
elas e isso me dá o sustento. Eu viajo muito e está bom demais. Eu não preciso
mais estar naquele corre-corre.
Assis Ramalho: Você faz muitos shows pelo Nordeste. E pelo Sul, também?
Zé Lezin: Pelo Brasil
todo, a gente viaja muito. Agora é que eu
estou diminuindo mais porque...
Assis Ramalho: Porque já está rico...
Zé Lezin: Não é que eu esteja rico. Eu estou rico de
aprendizado, de ter viajado muito, ter conhecido novas pessoas, porque a riqueza
maior é essa. Agora, durante 25 anos de carreira, se eu não conseguisse nem uma
casa para passar a chuva, tava danado. Então, eu acho que é isso, ter o
suficiente pra ser feliz e está tudo certo.
Assis Ramalho: Como
Zé Lezin analisa a nova geração do humor no Brasil? Não está muito pobre?
Zé Lezin: Olha, é o seguinte: é porque o pessoal do (humor)
adotou o stand up comedy, que é o modelo de comédia do americano, que não tem
muito a ver com o povo brasileiro. Então, tem umas pessoas aí, no máximo umas
quatro ou cinco, que têm um bom texto, que você ainda consegue rir. Mas o resto é
deplorável, a gente não consegue rir. O humor que passa na televisão é um humor
de jargão (bordão), em que a pessoa diz uma frase e aquela frase fica perdurando por um
ano e depois se esquece, ninguém se lembra nem mais do profissional. Então é esse o humor que está por aí e eu
espero que apareçam novas gerações de Chico Anysio pra fazer esse trabalho de
humor que está fazendo falta.
Assis Ramalho: Zé Lezin, muito obrigado por ter me atendido
aqui (na Pousada Atenize) para essa entrevista e parabéns pelo seu sucesso e pela
sua humildade.
Zé Lezin: Obrigado.
Eu acho que é obrigação do ser humano tratar os outros bem, porque as estrelas
estão no céu. As estrelas (aqui) são a plateia, que é quem ilumina os artistas. É
infeliz aquele que se acha internacional. Eu não (me acho). Eu gosto de estar no meio do
povo. Qual a probabilidade de eu estar aqui se as pessoas não tivessem me
elevado até onde eu estou? Nenhuma. Então isso pra mim é um grato prazer, rapaz.
Isso é uma festa e a festa é de Deus.
Da redação do Blog de Assis Ramalho
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