Nessa segunda-feira (13), após negociação que resultou na liberação do acesso ao canteiro de obras da Transposição em Floresta (PE), bloqueado desde a manhã de sábado (11) por grupos de produtores e líderes de Petrolândia, conversamos com Lourival Simões, prefeito deste município. A desocupação ocorreu após a chegada da Força Nacional com ordens para liberar a entrada da obra com uso da força, se preciso. Não houve confronto. O desbloqueio foi conduzido pacificamente.
Na manhã do sábado, uma comissão de líderes do movimento Salve o Rio São Francisco foi recebida por Francisco Teixeira, ministro da Integração Nacional, após a chegada de caravana petrolandense à entrada do canteiro de obras do Eixo Leste do Projeto São Francisco. Na pauta de reivindicações do movimento estava a suspensão de testes com as bombas que vão levar água do lago de Itaparica para o canal da Transposição. Foi esclarecido que o movimento não é contra a obra da Transposição, porém contra a retirada de água do lago de Itaparica, que já está dá sinais de colapso, com dificuldades crescentes para atender a demanda dos produtores rurais irrigantes, proibidos de realizar novos plantios devido à redução do volume da represa que serve o município. Após a saída da caravana, tentativas de acionar as bombas foram realizadas, à tarde e à noite, sem sucesso.
Pedimos ao prefeito de Petrolândia, Lourival Simões, sua opinião quanto ao desfecho das negociações com Ministério da Integração.
"O desfecho foi extremamente positivo. Tanto o Ministério da Integração quanto o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a própria Chesf e a Codevasf entenderam que a situação estava chegando a margem crítica, a partir do momento em que você coloca e adota o sistema de rodizio de bombas para poder colocar água nos lotes dos agricultores. Durante o período do último mês, nos recebemos vários questionamentos por parte da população de Petrolândia, principalmente o pessoal residente nas Agrovilas, todos preocupados com essa situação. Eles procuraram a Plena (Engenharia), que presta serviços à Codevasf, e as respostas eram sempre negativas. Então, nós aguardamos passar as eleições (do primeiro turno), para não haver nenhum uso político por conta desta necessidade, e começamos a enfrentar de uma maneira mais incisiva para que as pessoas não misturassem alhos com bugalhos, como se é dito de uma maneira bem simples. E com isso, tivemos por parte do Ministério da Integração, através do ministro Francisco Teixeira, a compreensão da situação. Também conseguimos com que a Chesf encampasse nossa briga, para diminuir um pouco a vazão da geração de energia, e a liberação de mais água por parte do lago de Sobradinho (para o lago de Itaparica). Mas também a gente não poderia pedir, de uma maneira irresponsável, que se comprometesse todo o sistema elétrico do país, que hoje se encontra em uma situação muito complicada, porque as chuvas tão esperadas ainda não aconteceram e isso está deixando todo o sistema em colapso. A maior vitória, na verdade, foi justamente isso. Primeiro, despertamos o interesse da população, e a gente agradece às pessoas, principalmente àquelas que estiveram aqui acampadas, defendendo algo que é deles. Aqui a gente viu pessoas das mais diversas localidades. vimos pessoas da zona urbana, da zona rural, movimento de Igreja, enfim, pessoas que realmente mostraram essa preocupação com o nível do lago de Itaparica, e que acharam o momento mais adequado para fazer esse movimento, justamente no momento dessa fase do teste das bombas. Assis, é bom que se diga que ninguém é contra a Transposição, só que o momento para realizar esses testes não era adequado, não era oportuno. Porém, a gente chegou ao denominador comum, que foi o aumento de vazão do lago de Sobradinho, fazendo com que, pouco a pouco, o lago de Itaparica voltasse a receber água, e deixar de liberar tanta água. Então, você fica hoje com a perspectiva de ter, pelo menos nos próximos 40 a 50 dias, a garantia do abastecimento humano, mas também o abastecimento dos perímetros irrigados. Também conseguimos com que se fizesse a desobstrução dos canais. Na verdade, foi um movimento totalmente apartidário, onde aqui estavam as pessoas preocupadas somente com o nosso Velho Chico, Apesar de algumas pessoas tentarem dar essa conotação (política), nós mostramos em todos os momentos que, na verdade, se trata de uma preocupação real das pessoas de Petrolândia. Se os outros municípios não entenderam, paciência, mas mesmo assim, hoje, esses municípios receberão todos esses benefícios, tanto os de Pernambuco quanto os da Bahia, com essa subida do lago."
Lourival comentou o interesse das pessoas que queriam fazer parte do bloqueio, mas, por vários motivos, não puderam comparecer.
"Se veio pouca ou muita gente (ao local do bloqueio), isso depende do ponto de vista de cada um. Teve o problema da distância, da dificuldade de locomoção, não houve auxilio de nenhum político nem de prefeitura, mas muitos deixaram as suas tarefas para vir para o movimento. Eu vi comerciantes que fecharam o seu comércio e estiveram aqui conosco ao longo desse final de semana, que sabem que água é vida e todos dependem da água, e até mesmo aquelas pessoas que vão achar e que vão falar que não houve nenhum avanço, elas também serão beneficiadas porque a qualidade de vida delas vai estar garantida por um pouco mais de tempo, enquanto não se equaciona o problema (da escassez de água). A partir de agora, isso não depende de prefeito, não depende da população, não depende de seu ninguém. Depende do fenômeno climático que se chama chuva."
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Redação do Blog de Assis Ramalho
Na manhã do sábado, uma comissão de líderes do movimento Salve o Rio São Francisco foi recebida por Francisco Teixeira, ministro da Integração Nacional, após a chegada de caravana petrolandense à entrada do canteiro de obras do Eixo Leste do Projeto São Francisco. Na pauta de reivindicações do movimento estava a suspensão de testes com as bombas que vão levar água do lago de Itaparica para o canal da Transposição. Foi esclarecido que o movimento não é contra a obra da Transposição, porém contra a retirada de água do lago de Itaparica, que já está dá sinais de colapso, com dificuldades crescentes para atender a demanda dos produtores rurais irrigantes, proibidos de realizar novos plantios devido à redução do volume da represa que serve o município. Após a saída da caravana, tentativas de acionar as bombas foram realizadas, à tarde e à noite, sem sucesso.
Pedimos ao prefeito de Petrolândia, Lourival Simões, sua opinião quanto ao desfecho das negociações com Ministério da Integração.
"O desfecho foi extremamente positivo. Tanto o Ministério da Integração quanto o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a própria Chesf e a Codevasf entenderam que a situação estava chegando a margem crítica, a partir do momento em que você coloca e adota o sistema de rodizio de bombas para poder colocar água nos lotes dos agricultores. Durante o período do último mês, nos recebemos vários questionamentos por parte da população de Petrolândia, principalmente o pessoal residente nas Agrovilas, todos preocupados com essa situação. Eles procuraram a Plena (Engenharia), que presta serviços à Codevasf, e as respostas eram sempre negativas. Então, nós aguardamos passar as eleições (do primeiro turno), para não haver nenhum uso político por conta desta necessidade, e começamos a enfrentar de uma maneira mais incisiva para que as pessoas não misturassem alhos com bugalhos, como se é dito de uma maneira bem simples. E com isso, tivemos por parte do Ministério da Integração, através do ministro Francisco Teixeira, a compreensão da situação. Também conseguimos com que a Chesf encampasse nossa briga, para diminuir um pouco a vazão da geração de energia, e a liberação de mais água por parte do lago de Sobradinho (para o lago de Itaparica). Mas também a gente não poderia pedir, de uma maneira irresponsável, que se comprometesse todo o sistema elétrico do país, que hoje se encontra em uma situação muito complicada, porque as chuvas tão esperadas ainda não aconteceram e isso está deixando todo o sistema em colapso. A maior vitória, na verdade, foi justamente isso. Primeiro, despertamos o interesse da população, e a gente agradece às pessoas, principalmente àquelas que estiveram aqui acampadas, defendendo algo que é deles. Aqui a gente viu pessoas das mais diversas localidades. vimos pessoas da zona urbana, da zona rural, movimento de Igreja, enfim, pessoas que realmente mostraram essa preocupação com o nível do lago de Itaparica, e que acharam o momento mais adequado para fazer esse movimento, justamente no momento dessa fase do teste das bombas. Assis, é bom que se diga que ninguém é contra a Transposição, só que o momento para realizar esses testes não era adequado, não era oportuno. Porém, a gente chegou ao denominador comum, que foi o aumento de vazão do lago de Sobradinho, fazendo com que, pouco a pouco, o lago de Itaparica voltasse a receber água, e deixar de liberar tanta água. Então, você fica hoje com a perspectiva de ter, pelo menos nos próximos 40 a 50 dias, a garantia do abastecimento humano, mas também o abastecimento dos perímetros irrigados. Também conseguimos com que se fizesse a desobstrução dos canais. Na verdade, foi um movimento totalmente apartidário, onde aqui estavam as pessoas preocupadas somente com o nosso Velho Chico, Apesar de algumas pessoas tentarem dar essa conotação (política), nós mostramos em todos os momentos que, na verdade, se trata de uma preocupação real das pessoas de Petrolândia. Se os outros municípios não entenderam, paciência, mas mesmo assim, hoje, esses municípios receberão todos esses benefícios, tanto os de Pernambuco quanto os da Bahia, com essa subida do lago."
Lourival comentou o interesse das pessoas que queriam fazer parte do bloqueio, mas, por vários motivos, não puderam comparecer.
"Se veio pouca ou muita gente (ao local do bloqueio), isso depende do ponto de vista de cada um. Teve o problema da distância, da dificuldade de locomoção, não houve auxilio de nenhum político nem de prefeitura, mas muitos deixaram as suas tarefas para vir para o movimento. Eu vi comerciantes que fecharam o seu comércio e estiveram aqui conosco ao longo desse final de semana, que sabem que água é vida e todos dependem da água, e até mesmo aquelas pessoas que vão achar e que vão falar que não houve nenhum avanço, elas também serão beneficiadas porque a qualidade de vida delas vai estar garantida por um pouco mais de tempo, enquanto não se equaciona o problema (da escassez de água). A partir de agora, isso não depende de prefeito, não depende da população, não depende de seu ninguém. Depende do fenômeno climático que se chama chuva."
Sobre o volume de água que vai chegar e sair do lago de Itaparica
"Desde a meia noite da sexta para o sábado, aumentou a vazão (da represa de Sobradinho) em cem metros cúbicos (por segundo), e na noite de ontem (domingo, dia 12), da meia noite em diante foi liberado mais 100 metros cúbicos (por segundo). Então hoje (segunda-feira), nós estamos recebendo 1.300 metros cúbicos por segundo de água, saindo de Sobradinho. Mas leva um certo tempo, em torno de 60 horas pra chegar ao lago de Itaparica. Também foi diminuída a saída de água das turbinas da usina de Itaparica (UHE Luiz Gonzaga), que foi baixado de 1.100 para 900 metros cúbicos por segundo. O ruim disse tudo é que a gente (o município) vai perder um pouco mais do ICMS, porém a nossa preocupação maior é garantir o abastecimento humano."
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>Baixa do nível do Lago de Itaparica causa perda ou dificuldade de acesso à água pelos produtores rurais
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Redação do Blog de Assis Ramalho
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