João Bosco, Secretário de Infraestrutura de PE e ex-presidente da CHESF,
entrevistado por Assis Ramalho. (Fotos: Lúcia Xavier)
entrevistado por Assis Ramalho. (Fotos: Lúcia Xavier)
Em recente entrevista, o Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que o risco de faltar energia no país é "mínimo". Mas, as fracas chuvas que ocorreram em fevereiro aumentaram o risco de racionamento de energia e alguns técnicos do setor elétrico defendem que a redução do consumo já deveria ter começado neste mês de março. É o caso do ex-presidente da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF), João Bosco, que entregou o cargo em setembro, quando o PSB deixou a base do governo Dilma Rousseff (PT). Em seguida, a convite do governador Eduardo Campos, João Bosco de Almeida assumiu a Secretaria de Infraestrutura do Estado de Pernambuco, pasta com o segundo maior orçamento estadual, perdendo apenas para a Saúde.
"Estivemos em São Paulo, na semana passada, em um grande encontro coordenado pela PSR, que é uma empresa de consultoria, que faz estudo nesta área (energética), e os especialistas indicam que, de fato, nós estamos em uma situação de grande risco de não atender toda a demanda, necessitando de alguma forma a redução do consumo. Todos os especialistas com quem temos conversado têm recomendado que o governo dê início imediatamente a uma campanha para o uso racional da energia, para que os consumidores procurem economizar energia nas suas atividades, na sua casa, na sua empresa, porque o risco ao longo do ano de a geração de energia não atender totalmente a carga é muito alta, e isso significa que o governo precisa reduzir o consumo."
Na entrevista, João Bosco diz que o governo federal ainda não tomou nenhuma iniciativa para racionamento de energia porque estamos em um ano de eleição. "O governo não quer reconhecer isso (a necessidade de racionamento), porque em um ano eleitoral pode ser ruim, mas, pelo outro lado, o governo tem que abrir o olho para essa situação, porque este é um assunto muito sério e ninguém deve esconder isso por conta de uma eleição. A gente não pode empurrar isso para o próprio ano. Se a gente não fizer racionamento este ano e tiver problema de energia e água o ano que vem, novamente, isso será um problema incalculável para a nação. Eu ainda acho que o governo vai fazer alguma coisa este ano, mas por enquanto a situação é muito preocupante em relação à atitude que o governo vem tomando."
Leia, na íntegra, a entrevista concedida com exclusividade ao Blog de Assis Ramalho pelo ex-presidente da CHESF e atual Secretário de de Infraestrutura de Pernambuco, João Bosco.
João Bosco: De fato, esse é um assunto que interessa muito ao governo do Estado, assim como ao povo brasileiro, em saber quais são os riscos que o país corre em não ter a oferta de energia o suficiente para o Brasil, e nós estamos acompanhando todos os dias como as coisas estão acontecendo. Estivemos em São Paulo, na semana passada, em um grande encontro coordenado pela PSR, que é uma empresa de consultoria que faz estudo nesta área (energética), e os especialistas indicam que, de fato, nós estamos em uma situação de grande risco de não atender toda a demanda, necessitando de alguma forma a redução do consumo. Todos os especialistas com quem temos conversado têm recomendado que o governo inicie imediatamente uma campanha para o uso racional da energia, para que os consumidores procurem economizar energia nas suas atividades, na sua casa, na sua empresa, porque o risco ao longo do ano, de a geração de energia não atender totalmente a carga é muito alta, e isso significa que o governo precisa reduzir o consumo. Se o governo iniciasse imediatamente uma campanha pedindo à população que economize energia, a situação poderia ser outra. Por exemplo, São Paulo está dando um incentivo na conta ao consumidor de água, para quem economizar água, e o mesmo deveria ser feito no setor elétrico, e isso poderia minimizar o problema. É preciso que o governo entenda que quanto mais se adia isso, mais caro ficará para frente, e ficará mais difícil se fazer adiante. A gente entende que o governo não quer tomar essa iniciativa, para não reconhecer que temos um problema, o que é muito grave.
Assis Ramalho: O senhor, João Bosco, era o presidente da CHESF na época em que o o governador Eduardo Campos, junto com o PSB (partido presidido pelo governador de Pernambuco), apoiavam o governo Dilma. Durante os mais de dois anos à frente da CHESF, o senhor não percebia que o governo queria tapar o sol com a peneira, ou o senhor percebia mas era proibido de divulgar o problema, como o senhor está divulgando agora?
Assis Ramalho: A partir do momento em que for concluída a Transposição do Rio São Francisco, com a distribuição das águas para outros Estados, a situação de energia não tende a piorar? Ou a Transposição não terá nada a ver com o problema?
João Bosco: Não. Essa transposição, se eu pudesse simplificar, é uma gota d'água dentro da Usina de Itaparica, por exemplo. Então, foi bom você fazer essa pergunta, porque pode ser que apareça alguém por aí, para dizer que a Transposição vai ser um problema (para o setor energético).
Assis Ramalho: Neste ano de eleição, o Secretário de Infraestrutura de Pernambuco, João Bosco, será candidato a algum cargo político?
Assis Ramalho: O Blog de Assis Ramalho agradece a atenção do Secretário com a nossa reportagem.
João Bosco: Eu é que agradeço e estamos sempre à disposição para outros esclarecimentos.
Redação do Blog de Assis Ramalho
Fotos: Lúcia Xavier
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